As dores de Jó

As dores de Jó
 
Não entendo porque temos 
de maneira geral 
uma natureza tão negativa, 
independentemente da 
nossa personalidade.
 
Se para alguns 
tudo é sempre bonito, 
tudo é bom e se 
o sol desaparece ele 
vai voltar o que 
quer que aconteça, 
para outros, 
os dias se seguem 
uns depois dos outros, 
apenas com horas repetidas 
e cenas que se sucedem, 
numa monotonia muda 
e dolorida.
 
E para todo mundo, 
as infelicidades 
pesam cem vezes mais que 
os momentos de alegria 
que arrebataram 
nosso coração.
 
A dor é pesada e a 
felicidade é leve.
 
As lágrimas de tristeza 
apagam mais rápido 
o que de bom aconteceu 
e raros são os que têm a força 
e coragem de dizer: 
"perdi, mas tive" 
"choro hoje mas 
ontem dei gargalhadas" 
ou 
"a vida vale a pena mesmo 
se sigo tropeçando."
 
Não creio!
 
Não posso acreditar 
em 24 horas por 
dia e 365 dias por ano 
de dor infinita sem que 
em algum momento 
uma alegria tenha 
tocado nosso coração nem 
que seja de leve.
 
Deve existir, 
como todo mundo de exceções, 
uma infelicidade 
assim grande e duradoura, 
mas prefiro acreditar 
que seja realmente uma 
exceção e não uma fatalidade.
 
Conheço alguém 
que colheu todas as mágoas 
e dores possíveis reunidas 
em um só ano, 
como não acreditamos 
que seja possível.
 
Mas ainda assim não se 
pode dizer que a vida 
seja uma sucessão de 
coisas ruins sem dia, 
sem raio de sol, 
sem primavera e sem as 
estrelas que nos olham 
do alto.
 
Quem planta dores 
colhe dez 
vezes mais as mágoas 
espalhadas pela vida, 
que seja hoje, 
que seja amanhã.
 
Isso é o reflexo natural das 
coisas que se faz aqui e ali.
 
Mas duro mesmo é ver 
colher lágrimas 
quem com lágrimas semeia 
o bem e o bom. 
Duro é ver a injustiça 
para os que partem 
cedo demais, 
sofrem cedo demais, 
que não escolheram, 
mas tiveram 
suas cabeças apontadas.
 
Insuportável!...
 
Portanto, 
a vida não escolhe e nos curvamos. 
Nos apegamos 
desesperadamente a uma 
esperança futura que 
encontramos quando olhamos 
para a Cruz e 
compreendemos que 
Aquele que viveu a maior 
injustiça foi perseguido, 
cravado e coroado 
de espinhos.
 
Todos os dias do ano não 
são ruins ao todo.
 
Jó teve, perdeu, 
chorou e foi recompensado 
pela paciência e perseverança.
 
Há um amanhã que 
nos aguarda 
e acolhe a todo aquele 
que não desespera.
 
Há e haverá um amanhã 
e todo aquele que crer.
 
Este verá e viverá.
 
 
 
 Letícia Thompson
 
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