O muito de farsa e pouco de verdade no show de Cid Gomes

O muito de farsa e pouco de verdade no show de Cid Gomes

 
Cid Gomes dá seu show, posa de herói, e perde o palanque que o Ministério da Educação lhe garantia


Há muito de farsa e pouco de verdade em tudo o que foi dito, ontem, por personagens de primeiro plano e de bastidores da trapalhada cometida por Cid Gomes, ex-governador do Ceará, e que lhe custou o cargo de ministro de Educação do que a presidente Dilma chama de “Pátria Educadora”, o novo slogan do seu segundo governo.
Tudo começou com uma visita de Cid, no último dia 27, a Belém do Pará. Para fazer jus à sua imagem de boquirroto, não resistiu a dizer o que pensava do Congresso durante um debate com professores e alunos. Chamou o Congresso de antro de “achacadores”. Afirmou que existem ali entre 300 e 400 achacadores.
Uma fita com as declarações de Cid bateu nas mãos de Hélder Barbalho (PMDB-PA), ministro da Pesca, filho do ex-senador Jáder Barbalho. De Hélder a fita passou para o líder do PMDB na Câmara dos Deputados. E deu origem à convocação feita pela Câmara para que Cid se explicasse.
Dilma não gostou da confusão que se armava. Ela quer tudo, menos se atritar com o PMDB. Recomendou a Cid que desse um jeito de recuar do que dissera, salvando a própria face se isso fosse possível. Primeiro Ciro inventou que estava muito doente, e se internou no Hospital Sírio Libanês para fugir à convocação.
Uma junta de três médicos, que são também deputados, visitou Cid no hospital. E constatou que ele sofria de “sinusite leve”. Cid foi então reconvocado. E, ontem, apresentou-se no plenário da Câmara para enfrentar os deputados. Dois de seus quatro irmãos, entre eles o ex-ministro Ciro Gomes, estavam em Brasília.
Os Gomes têm fama no Ceará de não levar desaforo para casa. Ciro aconselhou Cid a reafirmar tudo o que havia dito em Belém. Perderia o cargo de ministro, é fato. Mas sairia como herói por ter enfrentado os deputados. Especialmente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, a quem chamou de “achacador”.
Cid telefonou para amigos dizendo como se comportaria na Câmara. E pedindo que o assistissem pela televisão. Um dos amigos avisado por ele foi o cantor Fagner, que estará esta tarde em Brasília. O show de Cid foi ao ar exatamente como ele imaginara. Da Câmara, ele foi ao encontro de Dilma para pedir demissão.
Sabia que se não o fizesse seria demitido. Antes que ele saísse do Palácio do Planalto, Aloizio Mercadante, chefe da Casa Civil da presidência da República, telefonou para Eduardo e informou que Dilma demitira Cid. Pouco importa se ele pediu demissão ou se ela o demitiu. Cid perdeu um palanque. Dilma ganhou uma vaga no governo para negociar com os que a apoiam.
Se dependesse de Lula, Cid seria substituído por Mercadante. E Jaques Wagner, ex-governador da Bahia e atual ministro da Defesa, ocuparia a Casa Civil. O PMDB cobra um ministério de peso a Dilma, o sexto. Não quer o da Educação porque acha que ele não tem autonomia para, digamos, facilitar a vida do partido.
Um emprego com bom salário espera Cid no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).



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