Oculus Rift quer impedir que brasileiros registrem marca Beenoculus

Oculus Rift quer impedir que brasileiros registrem marca Beenoculus

Por Rafael Romer RSS | 12.05.2015 às 08h03 - atualizado em 12.05.2015 às 11h02
Oculus Rift
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A Oculus VR, empresa responsável pelos Oculus Rift, dispositivo de realidade virtual, está tentando impedir que a concorrente brasileira Beetech registre a marca de seus próprios óculos de realidade virtual no país, o Beenoculus.
O Canaltech teve acesso aos documentos do processo que a empresa norte-americana, comprada pelo Facebook em julho do ano passado, está movendo contra a Beenoculus. Por enquanto, o processo ainda não chegou à Justiça e só corre dentro do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), onde as duas empresas pedem registro de suas respectivas marcas.
Até hoje, nenhuma das duas companhias conseguiu registrar seus produtos oficialmente no Brasil: registrada só nos Estados Unidos, a Oculus VR pediu o registro das marcas "Oculus", "Oculus Rift", "Oculus VR" e "Oculus Connect" ao INPI em junho de 2013; a Beetech, por sua vez, deu entrada ao pedido de registro de uma marca mista, com o nome "Beenoculus" mais a logo do produto, em julho do ano passado.
Beenoculus
O brasileiro Beenoculus utiliza smartphones de, no mínimo, cinco polegadas como display para o visor de realidade virtual (foto: Beenoculus/Facebook)
Com a ação, que foi enviada ao INPI no dia 3 de março, a Oculus VR tenta evitar que a empresa curitibana consiga registrar a marca de seu produto no órgão brasileiro, sob o argumento de que o termo "oculus" dentro da palavra "Beenoculus" configuraria uma violação à marca "original".
Segundo a petição da Oculus VR, o fato de ambos os produtos estarem na mesma categoria poderia confundir os consumidores, levando as pessoas a acreditarem que o produto brasileiro é uma "expansão da marca" da Oculus VR e, consequentemente, prejudicar os negócios da norte-americana por aqui.
"A utilização da marca 'Beenoculus', especialmente para os mesmos produtos, causará prejuízos à Opoente [ Oculus VR], uma vez que poderá ocorrer possibilidade de confusão, a diluição da marca 'Oculus', o desvio de clientela e a possibilidade de denegrimento da marca e da imagem da empresa, o que não se pode permitir", alegou a Oculus VR na ação.
Beenoculus
Trecho do processo enviado ao INPI pela Oculus VR para evitar o registro do Beenoculus no Brasil (foto: reprodução)
Seis dias após a ação da Oculus VR, a Beetech entregou sua manifestação de defesa ao INPI, na qual justifica que o termo "Oculus" seria uma palavra de "uso comum" e não poderia ser registrada pela norte-americana. A empresa cita o artigo 124 da Lei de Propriedade Intelectual, que impede o registro de marcas com "sinal de caráter genérico, necessário, comum, vulgar ou simplesmente descritivo, quando tiver relação com o produto ou serviço a distinguir". 
Ou seja, por ter em português a mesma fonética do termo "óculos" e se referir a um produto na categoria de óculos, o termo não poderia ser registrado como uma marca no Brasil. Além disso, a Beetech diferenciou seu próprio gadget do caso, alegou que o uso do "oculus" no seu produto estaria inserido dentro de um conjunto maior ("Bee Noculus"), e por isso não interfere com marca da Oculus Rift e não entraria no uso comum.
"Isso está claro para nós que é uma forma de protecionismo", afirmou o sócio-fundador da Beenoculus, José Terrabuio, em entrevista ao Canaltech. "A gente é uma ameaça para eles, uma ameaça comercial que vai tirar uma fatia do mercado deles".
Para Terrabuio, a ação é uma tentativa de "intimidação" pela Oculus VR, que tem por trás a preocupação da empresa norte-americana em ter que concorrer com um produto similar, mas de custo bem mais reduzido no mercado nacional — no Brasil, o Beenoculus já é vendido por R$ 129,00. Na semana passada, o Facebook anunciou que o Oculus Rift começará a ser comecializado no primeiro trimestre de 2016, mas ainda sem preço definido.
Apesar de ambos serem headsets de realidade virtual e do próprio inventor do Beenoculus afirmar que a inspiração para o gadget veio do Oculus Rift, os dois produtos são bem diferentes entre si. Enquanto o Oculus Rift é uma plataforma completa, com display Full HD próprio e hardware interno, o Beenoculus utiliza o smartphone do próprio usuário como tela montada ao headset. Além disso, o Oculus Rift tem foco principal no mercado de games, enquanto o Beenoculus deve ser utilizado para interações diferentes, como na área de educação. "É uma tentativa de matar essa iniciativa, nós tentamos fazer essa tecnologia da forma mais barata possível e isso depõe contra a ideia comercial do processo", comentou Terrabuio.
Oculus Rift
Comprado pelo Facebook no ano passado, Oculus Rift deve chegar ao mercado no primeiro trimestre de 2016 (foto: Reprodução)
Quem deve levar a melhor?
Esse é só o começo do processo administrativo dentro do INPI e ainda é cedo para apontar quem deve ganhar a disputa — o trâmite dentro do órgão de registros pode levar cerca de dois anos até que uma resolução seja encontrada.
A discussão maior deve ficar ao redor do principal argumento da Beetech, de que "oculus" seria uma palavra de uso comum em português. Nesse caso, as duas interpretações do INPI seriam possíveis. Por um lado, o termo é próximo da palavra "óculos", o que pode levar o INPI a negar a exclusividade de uso e evitar que o termo seja registrado para a Oculus VR no Brasil. Ainda assim, o fato da grafia ser diversa (com "U" ao invés de "O") pode ser considerada uma diferenciação suficiente para que o registro seja feito.
Mas a Beenoculus, no entanto, deve enfrentar ainda outro desafio. Pesa ao lado da Oculus VR a vantagem de ter entrado com o pedido de registro do nome mais de um ano antes da Beetech, já que a anterioridade do registro é um dos principais fatos analisados pelo INPI. 
"O INPI funciona pelo conceito da anterioridade, então fora essa polêmica, se eu registro uma marca primeiro, quem vem registrar depois não vai conseguir. Essa é a regra geral da proteção de marcas", explicou o advogado Hélio Moraes, da Pinhão e Koiffman Advogados. Além disso, a Oculus VR já tem suas marcas registradas nos Estados Unidos, o que também pode pesar a seu favor.
O Canaltech tentou contato com o Facebook, mas a empresa não quis se pronunciar sobre o caso.
Nós já experimentamos os dois dispositivos. Veja, abaixo, o funcionamento de cada um deles.


Matéria completa: http://canaltech.com.br/noticia/games/exclusivo-oculus-rift-quer-impedir-que-brasileiros-registrem-marca-beenoculus-41013/#ixzz3a1YkMY8H
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