Ânimo exagerado? As 5 questões que podem jogar um "balde de água fria" no novo plano da Petrobras

Ânimo exagerado? As 5 questões que podem jogar um "balde de água fria" no novo plano da Petrobras

Companhia divulgou seu plano de negócios 2017-2021 com expectativa de redução de alavancagem e maior eficiência - mas desafios são enormes para a estatal

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SÃO PAULO - A Petrobras (PETR3;PETR4) deu um novo passo sobre a companhia que quer ser na manhã desta terça-feira (20) com a apresentação do Plano Estratégico para 2017-2021. A mensagem que a companhia transmitiu foi: vamos cortar investimentos, fazer mais parcerias e realizar desinvestimentos, de forma a diminuir a forte alavancagem, que tanto vem penalizando a estatal nos últimos anos.

Contudo, isso não quer dizer que as metas sejam comprometidas, ressaltou a estatal durante coletiva para detalhar o plano. A Petrobras prevê investir US$ 74,1 bilhões entre 2017 e 2021, uma queda de 25% em relação ao Plano de Negócios e Gestão 2015-2019, revisado em janeiro deste ano; já a meta de desinvestimentos foi para US$ 19,5 bilhões de dólares para o biênio de 2017 e 2018, ante US$ 15,1 bilhões projetados em vendas de ativos entre 2015-2016.

O presidente da estatal, Pedro Parente, explicou que o plano trabalho vai contemplar diferentes cenários. “Nos primeiros dois anos estaremos apertando o passo para alcançar a saúde financeira e assim antecipando a nossa meta de endividamento em dois anos. A partir destes dois anos recuperamos o crescimento da nossa curva de produção, registrando crescimentos mas operando de forma disciplinada e equilibrada”, disse.

Conforme ressaltou em coletiva o diretor de estratégia, Nelson Silva, o plano de negócios da companhia está integrada ao estratégico: "os quatro pilares de geração de valor são os preços competitivos, eficiência do investimento e do Opex e as parcerias", disse. O plano, aliás, agradou o mercado, e as ações PN da estatal chegaram a subir 4,44% na máxima do dia.

Contudo, à medida que a petrolífera buscou passar confiança sobre seu futuro, o que foi visto como muito positivo pelos analistas, também indicou a quantidade de desafios que ela terá pela frente. "A empresa passou a mensagem certa, com um forte foco na desalavancagem. Nós pensamos que a gestão atual (comandada por Pedro Parente) está puxando os pontos certos para isso, tal como: i) eficiência do capex (despesas de capital), ii) redução de custos e ii) desinvestimentos, ao invés de recorrer aos pressupostos macroeconômicos", ressalta o Credit Suisse.

Os analistas do banco suíço André Natal e Regis Cardoso reforçam ainda que o forte corte nos investimentos é baseado na eficiência devido à menor perfuração e também por conta da alienação de ativos.

Já sobre a meta de produção, o Credit reforça que, mesmo com a significativa redução do capex, ela só se estendeu um pouco ao longo do tempo. O novo plano possui meta de produção de 2,77 milhões de bpd (barris por dia) em 2021, enquanto o plano anterior 2015-2019 estabeleceu um nível similar de produção já em 2020. Porém, neste ponto, os analistas estão tendo as maiores dúvidas. "Em nossa opinião, o maior ponto de interrogação sobre o plano é sobre quão arriscada é esta nova meta de produção tendo em visto o capex mais baixo e as plataformas em novas áreas, como Búzios, onde a Petrobras pode não alcançar os mesmos níveis de produtividade que alcançou em Lula e Sapinhoá. Mais uma vez, a execução será fundamental", apontam eles.

Já o BTG Pactual, em relatório chamado - o Plano parece bom...agora é hora de executar - mostra maior otimismo destacando que, com as mudanças em potencial das regras de conteúdo local e novas explorações, a empresa deve alcançar suas metas de capex e produção.

Desinvestimentos
Além da desalavancagem, um dos principais pilares do novo plano de negócios é a alienação de ativos. As vendas de ativos e parcerias somam US$ 19,5 bilhões entre 2017-2018, acima dos US$ 15,1 bilhões projetados para 2015-2016. Destes, US$ 10,7 bilhões ainda não foram anunciados.

Este é mais um ponto de interrogação para o Credit. "Depois de entregar cerca de US$ 4,4 bilhões em desinvestimentos até agora, nós gostaríamos de ver uma divulgação mais detalhada sobre o caminho para atingir tal meta agressiva de desinvestimentos", apontam os analistas do banco. Este plano implica um nível de desinvestimento desafiador de US$ 34,6 bilhões, e eles terão que recorrer também aos desinvestimentos de exploração e produção".

Por outro lado, há espaço para surpresas positivas, aponta o BTG. Segundo os analistas Antonio Junqueira, Gustavo Castro e Andres Cardona, a combinação de menor investimentos com orientação de produção mantida pode ter sido influenciado pela expectativa de uma melhor regulação de conteúdo local, como já destacado acima. Porém, outras alterações às regras existentes não impactaram o plano, como a revisão da transferência de direitos em campos de petróleo, que pode levar a busca por novos parceiros, além da revisão de lei do pré-sal. "Todas essas mudanças representam um catalisador para o plano da Petrobras", apontam os analistas do BTG.

O Credit também apontou as premissas da Petrobras no plano, como o preço do petróleo a US$ 71 o barril no longo prazo e um dólar a R$ 3,55 em 2017 e R$ 3,78 em 2021. "Os dois pressupostos juntos, considerando que a empresa seguirá a paridade de importação para os preços dos derivados de petróleo no Brasil, significa que empresa prevê a necessidade de aumentar os preços no mercado interno em algum momento no futuro. Em nossa opinião, a expectativa de que o atual prêmio dos preços de combustíveis se transformará em déficit leva à conclusão de que a empresa vai segurar os preços atuais por mais tempo, apesar da recente perda de cota de mercado, o que também é bom", concluem os analistas.

Assim, os próximos anos para a companhia prometem ser bastante determinantes para mostrar uma Petrobras repaginada. Contudo, os desafios também estão na mesma direção.

Mais riscos
Além das duas questões apontadas pelo Credit, o Bank of America Merrill Lynch também apontou que os riscos contrabalançam os pontos positivos do plano da estatal, citando três pontos.

"Apesar de visão geral positiva em relação ao progresso esperado pela Petrobras para os próximos anos e as metas recém-anunciadas pela empresa para redução de dívida, os pontos positivos são contrabalanceados pelos riscos", afirmam os analistas do banco. Eles seguem com recomendação neutra para os ativos da estatal.

A incerteza relacionada ao desfecho de ações judiciais e a outros desafios legais enfrentados pela Petrobras nos EUA e no Brasil é preocupação-chave. Além disso, o alto nível de dívida, que pode levar entre 3-5 anos para retornar a patamares aceitáveis, também é um contrabalanço. Em terceiro lugar, ainda há pouca clareza em relação ao timing, resultados e riscos financeiros das questões judiciais, que podem limitar a alta das ações no curto prazo.

Assim, os riscos permanecem sendo suficientemente elevados para manutenção de postura cautelosa. Por outro lado, aponta o BofA, as medidas anunciadas devem levar a uma melhora no fluxo de caixa, que pode eliminar a necessidade de novo financiamento externo em 2017-2018. Além disso, podem reduzir substancialmente o perfil de risco ao longo dos próximos anos. Se a meta para fluxo de caixa for alcançada, expectativa da companhia de US$ 73 bilhões em amortização de dívidas pode ser atingida.

Porém, embora as metas sejam positivas e críticas para empresa, as presunções operacionais do plano são agressivas, apontam os analistas. Assim, em linha com o Credit, o BofA reforça que o crescimento de produção com capex anunciado seria um feito significativo, "mas as metas para produção não são realistas". "Os níveis de investimento são mais consistentes com a manutenção de produção do que com crescimento significativo que foi proposto. Assim, atingir o crescimento de produção mais elevado deve exigir maior capex, ou há risco de que crescimento seja limitado", apontam.

As questões do mercado sobre o Plano de investimento da Petrobras:
1. A arriscada meta de produção será atingida tendo em vista a redução do capex?
2. A companhia conseguirá atingir a meta agressiva de investimentos?
3. Como serão os desfechos das ações judiciais da companhia?
4. Empresa conseguirá mesmo reduzir a sua dívida (ela pode demorar de três a cinco anos para voltar a patamares aceitáveis)?
5. Pouca clareza sobre o "timing", resultados e riscos financeiros das questões judiciais
Fonte: http://www.infomoney.com.br/petrobras/noticia/5556478/animo-exagerado-questoes-que-podem-jogar-balde-agua-fria-novo


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