Arcebispo sul-africano quer o direito de optar por morte assistida

Arcebispo sul-africano quer o direito de optar por morte assistida

Nobel da Paz, Desmond Tutu escreveu artigo defendendo causa no "Washington Post"

POR O GLOBO-07/10/2016 11:33 / atualizado 07/10/2016 11:54
O arcebispo emérito Desmond Tutu marca seu aniversário celebrando uma missa na Catedral de Saint George, na Cidade do Cabo - RODGER BOSCH / AFP

Tutu começa o artigo dizendo que ao longo de sua vida, ele teve sorte de trabalhar pela "dignidade dos vivos", atuando em campanhas nacionais e internacionais em prol dos direitos divinos dessas pessoas. Em seguida, o arcebispo emérito da Cidade do Cabo, na África do Sul, afirma que, agora, enquanto ele completa 85 anos, com a sua vida perto de um fim, quer ajudar a garantir às pessoas "dignidade na morte". "Assim como eu argumentei firmemente pela compaixão e igualdade em vida, acredito que pessoas com doenças terminais devem ser tratadas com a mesma compaixão e igualdade quando se trata de suas mortes".

No mês passado, o sul-africano, ícone da luta contra o antigo sistema de segregação racial conhecido como Apartheid, foi internado para tratar de infecções recorrentes. Não há uma legislação em seu país sobre o assunto, mas, no ano passado, uma corte de Justiça conferiu o direito de morrer a um homem com uma doença terminal.

Não é a primeira vez que o religioso escreve sobre o tema. Ao longo de sua vida, Tutu criticou o conceito de morte assistida, mas, há dois ans, ele publicou no jornal britânico "The Guardian" um artigo anunciando que estava mudando de opinião, passando a defender o direito de uma pessoa, à beira da morte, escolher de que forma quer morrer. Naquela ocasião, porém, o arcebispo se esquivou de afirmar se ele próprio gostaria de ter a opção, escrevendo apenas que "não me importaria".

No texto desta sexta-feira, Tutu revê a posição a respeito da sua escolha pessoal. "Hoje, eu mesmo estou mais perto da área de embarque do que de chegada, por assim dizer, e meus pensamentos se viram para como eu gostarua de ser tratado quando a hora chegar. Agora mais do que nunca, me sinto compelido a emprestar minha voz para essa causa".

O sul-africano, que comemorou seu aniversário celebrando uma missão na Catedral de Saint George, na Cidade do Cabo, diz que acredita na santidade da vida e que sabe que a morte é uma parte da vida. Ele afirma que as pessoas com doenças terminais têm controle sobre suas vidas, "então, por que elas não podem ter controle sobre suas mortes? Por que tantas pessoas, em vez disso, são forçadas a tolerar dores insuportáveis e sofrimento contra sua vontade?".

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