Deus criou nosso livre-arbítrio, que é causa do bem e do mal

Deus criou nosso livre-arbítrio, que é causa do bem e do mal

José Reis Chaves PUBLICADO EM 31/10/16 - 03h00



Há dois tipos de males, os naturais e os morais. Os naturais são os provocados pela natureza. Os morais são provenientes de nosso livre-arbítrio.

Pelos males naturais, como terremotos, tsunamis, chuvas etc., com algumas exceções, não cabem a nós, geralmente, responsabilidades. E é muito comum atribuirmos à vontade de Deus esses males naturais, como os do sofrido Haiti, o que é um grande erro.

Mas como tudo que acontece tem uma causa, esses fenômenos naturais estão relacionados com a chamada lei de causa e efeito. “A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”. E não importa se a semeadura foi feita nesta vida ou noutra passada, como não importa também o fato de, geralmente, não nos lembrarmos do que semeamos. Aliás, se a semeadura foi numa vida passada, é difícil lembrarmo-nos dela, a não ser que façamos com um especialista médico ou psicólogo a tão conhecida, hoje, regressão a vidas passadas, pois Deus quis que assim fosse.

Assim, se ignoramos o porquê de nosso sofrimento, resignemo-nos com ele, pois essa lei de causa e efeito é divina, universal e está na Bíblia. Realmente, diz o evangelho: “A cada um será dado de acordo com suas obras” (São Mateus 16: 27). E Jesus disse que os escândalos (males, pecados) são necessários neste nosso mundo (Lucas 17: 1). De fato, como nos ensina a doutrina espírita, nosso mundo é de provas e expiações, isto é, de sofrimentos. E aqui é oportuno um pensamento de Kardec sobre os males em nossas vidas: “Às vezes, é necessário que o mal chegue ao excesso, para se tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas”.

E para os que desconhecem a teoria da reencarnação, e pensam que não temos pecados a pagar de outras vidas, eis um dos vários exemplos bíblicos que nos demonstra a verdade da reencarnação: “Porque nós somos de ontem, e nada sabemos” (Jó: 8: 9). E atentemos, ainda, para duas verdades no contexto dessa citação de Jó. A primeira é a de que ele fala de nossas gerações passadas, ou seja, de gerações ou reencarnações dos espíritos que somos; e a segunda é a de que Jó nos recomenda que consultemos as gerações passadas. E as consultas a elas só poderiam ser feitas aos espíritos das pessoas do passado, pois eles não tinham registros escritos sobre esse assunto que eles pudessem consultar! Logo, Jó nos recomenda o espiritismo, uma vez que nos manda consultar os espíritos de nossos ancestrais!

E os espíritos não são criados no momento da concepção. “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e antes que saísses da madre, te consagrei e te constituí profeta das nações” (Jeremias 1: 5). É, pois verdadeira a doutrina da preexistência do espírito (criação da alma antes da concepção do corpo), o que, aliás, está de acordo com o fenômeno da reencarnação, pois o espírito, para reencarnar, tem que existir antes da fecundação do embrião.

E, voltando ao título desta matéria, talvez, alguém diga que Deus é também responsável pelos nossos males ou pecados e suas inevitáveis consequências, pois foi Deus que criou o nosso livre-arbítrio. Mas a justiça divina dessa lei é perfeita. Assim, ninguém sofrerá para sempre, mas apenas o que merece, ou seja, até a quitação do último pecado (Mateus 5: 26). E isso anula, por completo, a ideia do inferno eterno criado por Dante Alighiere (século XIII), na sua “Divina Comédia”, quando o inferno na Bíblia não é real, mas apenas figurado!

PS: “Presença Espírita na Bíblia”, com este colunista, na TV Mundo Maior.
Fonte: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/jos%C3%A9-reis-chaves/deus-criou-nosso-livre-arb%C3%ADtrio-que-%C3%A9-causa-do-bem-e-do-mal-1.1393272

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