Morte de irmão de ditador expõe vida secreta da Coreia do Norte

Morte de irmão de ditador expõe vida secreta da Coreia do Norte

ERIC TALMADGE
DA ASSOCIATED PRESS, EM PYONGYANG15/02/2017 17h00

O assassinato do meio-irmão do ditador norte-coreano, Kim Jong-un, talvez seja a melhor aventura de capa e espada que os cidadãos do país jamais poderão acompanhar. E, se a acompanhassem, o mais provável é que precisassem de ajuda para entender a trama –pouca gente sabia que Kim Jong-un tinha um meio-irmão, ou que os dois estivessem rompidos.

Embora nenhum país do planeta tenha um culto de personalidade tão intenso quanto o da Coreia do Norte aos seus líderes, a narrativa sobre eles é altamente seletiva e cuidadosamente editada, o que deixa até mesmo alguns dos detalhes básicos ocultos do público em geral. Previsivelmente, a existência de um meio-irmão mais velho –especialmente a de um irmão rebelde e independente– jamais foi parte da narrativa oficial sobre o líder da Coreia do Norte.
Jung Yeon-Je - 14.fev.2017/AFP

Pessoas assistem em Seul à notícia sobre morte de Kim Jong-nam, irmão do ditador norte-coreano

É mais simples manter a linha de sucessão e de poder o mais clara e direta possível. Em geral, isso quer dizer avô, pai, neto.

Ironicamente, ou talvez não, os relatórios que circulam sobre o assassinato de Kim Jong-nam, o meio-irmão de Kim Jong-un, em um aeroporto da Malásia surgem no momento em que o país está se preparando para um dos maiores eventos anuais de reverência ao líder.

O evento leva o nome de "Dia da Estrela Reluzente", e marca a data de nascimento de Kim Jong-il, o ditador precedente e pai de Kim Jong-un e Kim Jong-nam, ainda que os dois filhos tenham mães diferentes.

O único feriado mais importante é o "Dia do Sol", que celebra o aniversário de Kim Il-sung, o avô de Kim Jong-un, criador da Coreia do Norte e seu "presidente eterno".

A adulação à dinastia Kim na Coreia do Norte é constante. Há até mesmo festivais florais a cada ano que exibem orquídeas como nomes como "kimilsunguia" e "kimjongilia". Nesta quarta-feira (15), a mídia estatal não fez qualquer menção à morte de Kim Jong-nam na Malásia, enquanto a capital sediava eventos de patinação artística e nado sincronizado para celebrar a data festiva.

Além de suas frequentes visitas "de improviso" a locais do país e participação em eventos oficiais, os detalhes sobre as vidas reais dos líderes norte-coreanos costumam ser escassos. Outros membros da família Kim são raramente, se alguma vez, mencionados.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/02/1858987-morte-de-irmao-de-ditador-expoe-vida-secreta-da-coreia-do-norte.shtml

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