40% das receitas de unidade de bovinos da JBS vêm de exportações


40% das receitas de unidade de bovinos da JBS vêm de exportações

A JBS suspendeu suspendeu a produção de carne bovina em 33 das 36 unidades do país; especialista comenta efeitos sobre os preços no Brasil.

Por Karina Trevizan e Marina Gazzoni, G1-23/03/2017 17h33 Atualizado há 20 horas

JBS restringiu abates de bovinos para evitar excesso de oferta (Foto: globonews)

A JBS Mercosul, unidade do grupo que produz carne bovina, entre outros itens, teve cerca de 40% do faturamento vindo das exportações em 2016, o que representa cerca de R$ 11,5 bilhões. A unidade tem entre as principais marcas Friboi e Swift.

Nesta quinta-feira (23), a JBS suspendeu a produção de carne bovina em 33 das 36 unidades do país por três dias, para ajustar a produção até que haja uma decisão sobre os embargos à importação de carne brasileira. A fábrica do grupo que fica em Lapa, no Paraná, é uma das investigadas na operação Carne Fraca.

“Foi uma medida preventiva para minimizar as perdas”, opina o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (Abpa), Francisco Turra. Segundo ele, com a restrição a exportações, a empresa precisa evitar um excesso de oferta de carnes que poderá levar uma redução de preços.

Turra explica que a carne brasileira que deveria seguir para a exportação está armazenada nos portos e nos armazéns da empresa. Se a restrição perdurar, ela deve ser redirecionada para o mercado interno. Com a suspensão dos abates, a JBS contém a oferta no mercado brasileiro.

O custo de manter o gado por mais dias no pasto ou no confinamento é menor do que vender a carne a um preço baixo, diz o especialista em agronegócios.

Peso das exportações

A JBS Mercosul faturou, como um todo, 1,5% menos em 2016, com receitas de R$ 28 bilhões. Contrariando o ano anterior, a unidade faturou mais com o mercado doméstico do que com as exportações em 2016: R$ 16,6 bilhões contra R$ 11,5 bilhões.


O volume destinado ao mercado de exportação também foi menor em 2016 na comparação com o doméstico: 743 mil toneladas foram exportadas, contra 1,9 milhão direcionada ao mercado interno, um recuo de 24%.

Enquanto os ganhos no mercado interno subiram 9,6% em 2016, mesmo com o volume comercializado mantendo-se praticamente estável, o faturamento com as exportações caiu 14%.

Aves e suínos

A JBS informou ao G1 que os abates de aves e suínos não serão atingidos pela decisão.

Segundo Turra, ao contrário dos bovinos, a empresa não pode tomar decisão similar para o abate de aves, diz o especialista. Ele explica que o frango leva 30 dias ou 42 dias para estar pronto para o abate, dependendo da espécie.

A Seara, que é uma das seis unidades de produção da JBS, atua na produção de carne de frango, suína e alimentos preparados, com marcas como Seara, Rezende, Confiança e Doriana. Em 2016, cerca de 50% do faturamento da Seara veio das exportações.

Ao contrário do ano anterior, em 2016 a Seara teve receita maior no mercado doméstico do que no de exportações: R$ 9,2 bilhões contra R$ 8,9 bilhões – mesmo o volume exportado seja maior que o destinado aos consumidores no Brasil (1,5 bilhão de toneladas contra 1,3 bilhão).

No ano, a Seara teve queda de 13,5% em suas receitas com exportação, com recuo de 4,5% no total em volume vendido para fora. Enquanto isso, no mercado interno o volume de produtos comercializados no ano se manteve praticamente o mesmo, mas os ganhos melhoraram em 10%. Como um todo, a unidade terminou o ano com queda de 3% nas receitas, faturando R$ 18 bilhões.

Lucro em queda

O grupo JBS aumentou seu faturamento em 2016: a receita líquida foi de R$ 170,380 bilhões, alta de 4,6% ante o registrado no ano anterior. Mesmo assim, teve queda de 91,9% em seu lucro na comparação com o ano anterior, com resultado de R$ 376 milhões. A companhia atribui o resultado à queda do consumo no país, ao impacto da valorização do real frente ao dólar nas exportações e à redução da oferta de insumos, particularmente do milho. A JBS encerrou 2016 com dívida líquida de R$ 46,9 bilhões.

O grupo também tem unidades que produzem na Argentina, Paraguai, Uruguai, Reino Unido, Irlanda, Itália, França, Holanda, Austrália, Canadá, Estados Unidos, México e Porto Rico. Entre todos os funcionários do grupo, 54% atuam no Brasil.

Fonte: G1


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