Morte de macacos por febre amarela é considerada desastre ambiental

Morte de macacos por febre amarela é considerada desastre ambiental

No Espírito Santo, já morreram mais de 1.100, principalmente bugios.
Não se deve matar macacos; eles mostram para onde o surto avança.

Edição do dia 27/03/2017-27/03/2017 21h42 - Atualizado em 27/03/2017 21h42
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A morte de mais de mil macacos por febre amarela no Espírito Santo pode ser considerada um desastre ambiental no estado, segundo pesquisadores da universidade federal.

No alto das árvores, é uma algazarra com o som característico do bugio, também conhecido como barbado.

Agricultores que moram perto da Mata Atlântica no Espírito Santo sempre ouviam e viam os bugios. Agora eles sumiram.

“O barulho que eles faziam acabou. Não tem mais aquela roncadeira deles. Só tem assim, eles morto”, contou o agricultor Donaldo Renselmann.

O bugio é o macaco mais atingido pela febre amarela. Pesquisadores calculam que, somando com outras espécies, a doença já matou 1.100 macacos no Espírito Santo.

Na mata, os pesquisadores marcam o local exato onde o macaco foi encontrado morto. Isso é importante porque eles podem fazer um mapeamento e identificar para onde o surto de febre amarela está avançando.

Mas esse trabalho que começa na mata continua em laboratórios. Primeiro, eles fazem um exame das características físicas do animal: pelo, tamanho, peso, e já podem afirmar que, antes da febre amarela, os macacos não tinham nenhum tipo de problema grave. Eram animais saudáveis.

“O vírus da febre amarela veio da África. Os macacos brasileiros não evoluíram, não tem uma história evolutiva com esse vírus, então eles não são adaptados. São muito sensíveis. Em poucos dias depois de contaminados eles morrem”, explicou o professor de zoologia Sérgio Lucena, da Universidade Federal do Espírito Santo.

Nos laboratórios da Universidade Federal do Espirito Santo, os pesquisadores também analisam o DNA dos macacos que morreram com febre amarela.

“Com essa caracterização genética da população, a gente consegue entender como essa doença poderia se disseminar no futuro”, afirmou o professor Yuri Leite.

O bugio é um macaco ameaçado de extinção. Tem um filhote a cada dois ou três anos. Por isso, para recuperar essa a população serão necessários pelo menos 30 anos.

“Sem dúvida, nós vivemos um desastre ecológico porque os primatas interagem com diversos animais e plantas. Eles dispersam sementes, comem sementes, ajudam a recuperar a floresta levando as sementes para outros lugares. Então a ausência de primatas nas matas causa um impacto grande para as florestas”, disse o professor de zoologia.

O JN lembra mais uma vez: macaco não transmite febre amarela; macaco é vítima da febre amarela e é importantíssimo que eles existam porque eles são marcadores da doença, eles indicam o local onde a doença está chegando. Por isso eles são úteis aos seres humanos, e tem muita gente matando macacos por ignorância.

Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2017/03/morte-de-macacos-por-febre-amarela-e-considerada-desastre-ambiental.html

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