Polícia apura se casal achado morto em hotel na região da Paulista fez pacto de morte

Polícia apura se casal achado morto em hotel na região da Paulista fez pacto de morte

Para delegado, há indícios de que rapaz atirou em namorada e depois se suicidou em São Paulo. Agenda de estudantes traz menções a morrer; motivação é investigada.


Por Kleber Tomaz e Paulo Toledo Piza, G1 São Paulo-17/04/2017 16h56 Atualizado há 1 hora

Corpos foram encontrados em apartamento do hotel Maksoud Plaza (Foto: Rogério de Santis/Futura Press/Estadão Conteúdo)

A Polícia Civil de São Paulo investiga se o casal de namorados achado na tarde de domingo (16) baleado e morto dentro de um quarto do Hotel Maksoud Plaza, na região da Avenida Paulista, em São Paulo, fez um pacto de morte.

Em entrevista nesta segunda-feira (17) ao G1, o delegado Gilmar Pasquini Contrera, titular do 5º Distrito Policial (DP), Aclimação, afirmou que há indícios de que Luis Fernando Hauy Kafrune, de 19 anos, atirou em Kaena Novaes Maciel, de 18, a matando, e depois se suicidou.

Foram apreendidos pela polícia diários, agendas e papéis manuscritos atribuídos aos estudantes, com menções a suicídio, e uma pistola que teria sido furtada do padrasto de Kaena. A arma foi encontrada na mão de Luis.

O casal, que havia reatado recentemente, tinha se encontrado no sábado (15) dizendo que iria a um shopping, mas depois se hospedou no hotel de luxo, na Alameda Ribeirão Preto, área nobre da cidade.

A família havia descoberto que Kaena estava no hotel por causa do rastreador de celular. Após serem procurados pelos familiares do casal, funcionários do Maksoud teriam acionado a polícia, que entrou no quarto e encontrou o casal já sem vida, na cama.

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Cadernos sugerem suicídio

“Pelo que foi colhido no local, tudo leva a crer que existe esse pacto de morte”, disse Contrera, que baseia essa hipótese principalmente nos registros feitos, aparentemente pelo próprio casal, em cadernos achados no quarto 1509 do 15º andar do hotel.

“Sei que estou fazendo todos sofrerem, mas isso é necessário para que eu pare de sofrer, obrigada por tudo que vocês fizeram por mim....”, informa um dos trechos dos papéis atribuídos ao casal, segundo consta no boletim de ocorrência do caso.

Também foram encontradas duas folhas de papel com as inscrições “passos” de “como aproveitar a morte”.

O caso foi registrado inicialmente no plantão do 78º DP, Jardins, como homicídio seguido de suicídio, mas o delegado informou que o inquérito policial foi instaurado como “morte suspeita a esclarecer” porque ainda aguarda os laudos técnicos para compravar que Luis matou Kaena e se suicidou.

“Ainda dependo dos laudos técnicos para comprovar que foi mesmo o rapaz que matou a namorada e se matou em seguida”, disse Contrera, que pediu, além do exame necroscópico no casal, a realização do residuográfico, sexológicos, de dosagem alcoólica e toxicológico.

O delegado também investiga se Luís teria matado Kaena por ciúmes, mas essa hipótese é considerada "remota" pela polícia.

Motivação

Por conta do mistério que envolve a motivação do crime, o delegado também orientou os investigadores a rastrearem as redes sociais do casal, e pegarem os depoimentos de familiares para traçarem o perfil de Luis e Kaena. O objetivo é saber o que teria levado os dois a decidirem morrer.

“Vamos ver se eles teriam se valido desses métodos para praticar o suicídio”, disse Contrera, se referindo ao “jogo da Baleia Azul” e à série “13 Reasons Why", da Netflix.

O “jogo da Baleia Azul” é disputado pelas redes sociais e propõe 50 missões aos adolescentes, como bater fotos assistindo filmes de terror, automutilar-se, ficar doente e, por fim, cometer suicídio. O fenômeno que aparentemente começou na Rússia se espalhou e chegou ao Brasil, com suspeitas de casos ocorridos no Mato Grosso e na Paraíba.

A série “13 Reasons Why”, baseada no livro homônimo de Jay Asher, conta a história da adolescente Hannah, que se mata e deixa 13 fitas gravadas para 13 pessoas que ela acredita serem as responsáveis por seu suicídio.

Câmeras de segurança

Outra medida adotada pelo 5º DP foi a de colocar policiais à procura de imagens de câmeras de segurança do Maksoud Plaza. “Se o hotel tiver gravações, elas poderão confirmar que o casal estava mesmo sozinho no momento em que entrou no quarto”, disse Contrera.

Kaena e Luís moravam na região do Morumbi, Zona Sul de São Paulo. Segundo o pai de Kaena disse no domingo à GloboNews, sua filha tinha saído no sábado da casa onde morava com a mãe e o padrasto, que seria policial civil aposentado. Segundo ele, a filha tinha brigado com o namorado, mas aparentemente tinha retomado o namoro. "Foram ao shopping e depois alugaram um quarto", afirmou o caminhoneiro Valoni Alves Maciel.

Parentes e hotel

O G1 não conseguiu localizar os pais de Luis e Kaena para comentarem o assunto nesta segunda-feira ou informarem onde e quando os jovens seriam sepultados.

Um tio de Kaena postou no Facebook: “Minha sobrinha e o namorado cemataram [SIC] em um hotel de SP”. Uma tia da jovem também escreveu nas redes sociais: “Uma sobrinha de SP. O ex namorado matou e depois se suicidiou. Uma trajedia [SIC], amiga”.

Em nota, a assessoria de imprensa do Maksoud Plaza informa que “está colaborando com as autoridades competentes envolvidas no caso ocorrido neste domingo (16) e, portanto, não pode comentar quaisquer informações”. O comunicado acrescenta que “a empresa se solidariza às pessoas envolvidas e continuará colaborando com a investigação”.

Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/policia-apura-se-casal-achado-morto-em-hotel-na-regiao-da-paulista-fez-pacto-de-morte.ghtml

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