Mexicana Lala compra a Vigor dos irmãos Batista por R$ 5,8 bilhões

Mexicana Lala compra a Vigor dos irmãos Batista por R$ 5,8 bilhões

Investidores exigiram acesso a termos do acordo de leniência

POR JOÃO SORIMA NETO-31/07/2017 19:37 / atualizado 31/07/2017 21:56
Logo da Vigor - Roberto Moreyra / Agência O Globo

SÃO PAULO - A mexicana Lala acertou a compra da Vigor por R$ 5,8 bilhões nesta segunda-feira. A informação foi antecipada pelo colunista do GLOBO, Lauro Jardim, que observou que o conselho de administração da Lala deverá aprovar o negócio em sua reunião da próxima quinta-feira.

Detalhes sobre o acordo de leniência fechado pelo Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, e o Ministério Público Federal (MPF) atrasaram as negociações. Segundo uma fonte, os mexicanos quiseram conhecer as entrelinhas do acordo para evitar “surpresas financeiras” no futuro.

O grupo Lala fez a melhor oferta pelos ativos da Vigor e teve exclusividade nas negociações nos últimos 12 dias. Como a J&F tem pressa em vender seus ativos, a expectativa era que a compra fosse fechada até o meio da semana passada, o que acabou não acontecendo por causa da preocupação dos mexicanos.

Com a operação, os mexicanos fecharam a compra de 100% da Vigor e da participação de 50% que a empresa de laticínios tem na Itambé, em sociedade com a Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais.

Uma fonte a par das negociações disse que a Vigor foi oferecida para as francesas Danone e Lactalis, candidatas naturais à compra do ativo por já estarem no país, e para a mexicana Lala, que já tinha tentado entrar no mercado brasileiro no passado. A suíça Emmi, a holandesa Friesland e a canadense Saputo também se interessaram, mas não chegaram a fazer proposta.

Com uma oferta superior às de Danone e Lactalis, a Lala ganhou exclusividade na negociação. Além disso, ofereceu condições contratuais mais vantajosas para os irmãos Batista. Os negociadores da empresa mexicana prometeram fazer uma due diligence (análise de dados da empresa) mais rápida que a dos franceses.

— Os franceses fizeram muitas exigências para realizar a due dilligence, considerando que o Grupo J&F fechou um acordo de leniência. Isso levaria muito tempo. Os irmãos Batista precisavam de reforço de caixa rápido — diz uma fonte.

TENTATIVAS DE ENTRAR NO BRASIL


Há três anos, a Lala ensaiou uma tentativa de entrar no mercado brasileiro com uma proposta pela unidade de lácteos da BRF. Perdeu a disputa para a Lactalis. Em 2012, eles quase compraram a Itambé, mas reduziram a oferta na última hora e perderam o negócio. Os 50% da Itambé que estavam à venda acabaram sendo adquiridos pela Vigor por R$ 410 milhões.

A Lala atua no mercado de leite, queijo, manteigas e iogurte e é dona de marcas como Lala, Yomi, Aguafrut e Nutrileche, desconhecidas no mercado brasileiro, já que atua em México, América Central e Estados Unidos. Tem 22 fábricas, sendo 14 no México, e 154 centros de distribuição, além de 34 mil funcionários. A receita da companhia em 2016 foi de US$ 2,9 bilhões.

Já a Vigor tem receita de quase R$ 6 bilhões ao ano, dez fábricas e atua nos segmentos de leite, manteiga, iogurte e queijos. Somadas às fábricas da Itambé, o número total de unidades no país sobe a 15. A Vigor produz 350 itens, incluindo as marcas, Itambé, Leco, Danúbio, Faixa Azul, Serrabella, Amélia, Carmelita, Mesa e Jong. No Brasil, está entre as dez maiores no mercado de queijos (9ª posição, com 1,9% do segmento) e de iogurtes, segundo dados da Euromonitor.

— A entrada da Lala só altera o controle da Vigor, não muda o mercado. Mas, com o capital dos mexicanos, a empresa ganha fôlego. O mercado brasileiro de lácteos movimenta R$ 60 bilhões ao ano e vem crescendo 10% no segmento de queijos e iogurtes — diz um consultor da área.

Procurada, a J&F informou que “não comenta a venda de ativos além das informações públicas”.

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