Brasileira e taxada pela alfândega em 7 mil reais
Voltei de férias na quarta-feira, dia 08 de janeiro, em um vôo
vindo de Miami, no aeroporto de Guarulhos, às 07h30min.
Como comprei alguns itens de tecnologia para a minha casa
(projetor e etc) fui para a área de Declaração de Bens declará-los e pagar os
impostos devidos.
Primeiramente, os funcionários da Receita Federal não me deram muita importância e apenas solicitaram que eu entrasse em um computador que estava disponível e imprimisse a guia de recolhimento. Feito isso, chamaram a Sra. Fátima (guardem bem este nome!), que me perguntou se eu estava trazendo mais algum ítem que eu quisesse declarar, como roupas ou bens para consumo pessoal. Além dessas perguntas, a Sra. Fátima me fez outros questionamentos como, por exemplo, o tempo de permanência que estive fora do Brasil, hotel em que me hospedei e também a temperatura do local. (Detalhe: ela não é da imigração e sim, da receita federal).
Como eu não sabia se eu podia me manter calada ou se era
“obrigada” a falar, dei as informações solicitadas.
Após ter feito o pagamento da guia de recolhimento, passei no Raio X (a pedido da Sra. Fátima).
Uma das assistentes que estava trabalhando no Raio X,
“gritou”: – Bolsa, Ipad e Notebook nas malas! (Quase como se eu estivesse
trazendo drogas!)
Como solicitado, abri minha mala (possuia duas). A fiscal da receita federal tirou peça por peça das minhas roupas, abriu TODAS as minhas nécessaires, caixinha do meu aparelho móvel, sacola de sapatos, inclusive uma sacolinha que continha minhas peças íntimas (calcinhas, meias, biquínis, etc). Sempre com a “cara blasé” e perguntando: Você comprou esta calcinha no exterior? (Tudo isso em alto e bom som para qualquer pessoa em volta ouvir). Já constrangida, informei que sim, mas que havia comprado quando morei em NY. Ela então me indagou: Onde estão as Notas Fiscais destas calcinhas? – Oi?
A vergonha e a humilhação só estavam começando. Ela não era
grosseira, mas sim arrogante e repetidamente dizia: “Só estou cumprindo com
meu trabalho”.
Sem problemas “cumprir o seu trabalho”, porém, a Sra. Fátima começou a separar em outro balcão tudo que ela supostamente iria taxar. Shampoo, calcinha, sapatos (olhava sola por sola) e etc! Uma sapatilha minha que tem a sola de borracha (não marca facilmente com o uso) foi taxada. Um cinto meu, que comprei no Natal, na Tory Burch do Shopping Iguatemi só não foi taxado pois “por sorte” eu mantive a etiqueta que tinha um adesivo com a moeda brasileira e o valor da peça, senão, seria taxado também!
Sempre carrego meus bens de maior valor (alguma bolsa de
marca, notebook, etc) na mala de mão, pois tenho medo de serem extraviados ou
roubados no trajeto. Quando abri a mala de mão, parecia que a Sra. Fátima
havia descoberto ouro na minha bagagem! Ela então separou as duas bolsas e o
notebook e me informou que eu teria que pagar para tê-los de volta.
O meu Notebook foi comprado no Brasil há dois anos, uma bolsa
Gucci há 10 (sim, 10 anos!) na Daslu e a bolsa – menina dos olhos da receita
federal – Chanel, ganhei de aniversário ano passado. Comprei no Shopping JK
Iguatemi, no dia 01 de outubro.
Na mesma hora, informei que o computador era antigo, ela então
o tirou da capa de proteção e o ligou. Comprovou que era antigo e continuou o
“pente fino” nos outros itens de valor. As bolsas, ela exigiu as NF’s. Como
eu não ando com uma “pasta” de NF, informei que iria ligar imediatamente na
loja do Shopping JK para que eles me enviassem. No momento que eu peguei o
meu celular para efetuar a ligação ela se impôs: é proibido o uso de aparelhos
de celular aqui! Ou seja, nem que eu quisesse ligar para um advogado eu
poderia!
Quanto à bolsa Gucci “velhinha” da época da Daslu, não teria
como eu ter a NF, ou seja, fui taxada e acabei “aceitando” pagar, pois não
tinha outra saída.
Porém, o que mais me revoltou, foi o fato de eu ter pagado
pela bolsa Chanel comprada no Shopping JK o valor de US$ 2.500,00. Sim,
paguei DOIS MIL E QUINHENTOS DÓLARES! Não quis deixar a minha bolsa lá
enquanto eu ia atrás da NF. Quem me garantiria que quando voltasse a “minha”
bolsa estaria lá? Eu não acredito nas pessoas que trabalham verificando
bagagens e procurando bens de valor apenas pelo prazer de taxar… Pessoas que
não têm o menor tato no atendimento e te tratam como se você fosse um
bandido!
No total, paguei R$ 7.000 pelos meus pertences. O notebook ela
não taxou, pois já era antigo, mas as peças “de luxo” sim!
A forma de pagamento? Ela queria que eu sacasse do caixa
eletrônico do aeroporto (sem ao menos ter ideia de que é impossível sacar
esta quantia às 09h00. Fora o risco de assalto!). Eu solicitei que ela
emprestasse o computador dela para eu fazer o pagamento do DARF emitido e ela
deixou. Ou seja, o esquema é tão mal feito e desorganizado, que eu utilizei o
computador da receita federal para entrar no meu bankline.
Já estou com a NF da Chanel em mãos. O atendimento do JK foi
excepcional e eles se dispuseram a me ajudar muito! Não que adiante, pois os
“xerifes” da receita decidem por eles o valor que você irá pagar pelos “bens
apreendidos” caso os queira de volta.
Senti-me como se estivesse sendo extorquida por presidiários
que fazem o “sequestro via telefone” e você tem que passar em
estabelecimentos comprando cartões pré-pagos, sabe? No fundo, foi isso que
aconteceu mesmo, pois para eu “recuperar” meus bens tive que desembolsar um
valor astronômico!
Chorei de raiva, chorei por ver o quanto fui lesada por algo
que não fiz. Eu tinha razão!
Tomem cuidado mulheres, pois a mala do meu marido, sequer foi
“revistada”. Ou seja, o interesse é em bolsas e roupas, pois sabem que
dificilmente temos a Nota Fiscal em mãos.
Gostaria de ressaltar que, no período em que estive declarando
meus bens e tendo minhas malas revistadas, diversos funcionários de uma
empresa que administra o aeroporto passavam com televisões, caixas e mais caixas.
Um destes funcionários passou pelo raio X com 16 malas de uma mesma família.
Se as revistaram? Não! O funcionário sequer foi indagado sobre o conteúdo das
malas e ouvi um sonoro: “Pode passar Fulano, você está liberado!”. Ou seja, o
esquema é você “dar um jeitinho brasileiro”!
Soube ainda (não sei se é verdade ou boato, mas que existe um
leilão das peças apreendidas para íntimos!) todo ano. Valor das peças? Preço
de banana!
Sabem quando eu irei declarar novamente qualquer item que eu
trouxer do exterior? NUNCA mais! Pois sei que se for parada, irão me taxar
por tudo que tenho!
Uma dúvida: se uma amiga minha me der de presente uma bolsa
comprada no Brasil, ela terá que me dar a NF com o valor pago? As NF,
normalmente não se desintegram, apagando a impressão com o tempo?
Meu tesão e orgulho de “ser brasileira” é 0! O país te rouba
diariamente com impostos abusivos sem sequer disfarçar e nem retribuir
através de um sistema decente de atendimento à população.
Compro uma bolsa no meu país que não posso usá-la, pois a
(in)segurança não permite. Viajo com ela para o exterior e sou “roubada”
financeiramente através de pagamentos de taxas na volta. Quem perde com isso?
As marcas importadas que por aqui vendem pois as pessoas perdem a confiança
na hora da compra, o consumidor brasileiro que fica broxado em gastar seu
dinheiro aqui e o governo, que automaticamente deixará de arrecadar.
Enfim, desculpem meu desabafo e se atentem, pois de nada
adianta terem roupas, tecnologia, shampoos, calcinhas ou sapatos comprados no
Brasil se você não estiver com as Notas Fiscais dos produtos no seu bolso.
Se puderem, repassem para alertar as pessoas e denunciar este
absurdo! Infelizmente, as leis mudam de acordo com o que é melhor para o
governo, e não para a população. Ou seja, voltamos para a frase: “Não é pelos
R$0,20!”
Beijos e que nosso país um dia possa ser justo para nossos
filhos, pois confesso que para nós, já perdi as esperanças…
Roberta Whately
São Paulo, 10 de janeiro de 2014. |
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