No dia 15 de novembro, todos nas ruas contra a “República de
Bananas”!
Indivíduos
indignados com os rumos de nosso país pretendem se reunir nesse feriado do dia
15 de novembro, que celebra nossa República, para protestar contra o atual
governo, a roubalheira impune, o abuso de poder, o autoritarismo, o desejo de
controlar a imprensa etc. A mobilização é necessária e muito bem-vinda. O
governo teme gente nas ruas, e o PT perdeu esse monopólio.
Por
isso mesmo tenta desqualificar essas milhares de pessoas que espontaneamente se
manifestam. Quer associar essa gente toda a “movimentos golpistas” ou
antidemocráticos, reacionários que não aceitam as regras do jogo. É o
contrário! Justamente por desejarem as regras do jogo é que protestam contra o
PT, que fez o “diabo” para vencer. Querem investigações para comprovar a lisura
do processo, e querem punições para os corruptos.
Todo
cuidado é pouco. Sabemos do que essa turma é capaz. Podem até mesmo infiltrar
seus agentes nas passeatas para destruí-las de dentro, acusando-as de demandar
golpe militar ou algo do tipo. Não! As manifestações devem clamar pelo respeito
aos valores republicanos e democráticos, pelo fortalecimento de nossas
instituições, e não sua substituição.
Que
todos lotem as ruas nesse feriado de nossa República, de forma ordeira e
pacífica, com uma mensagem de resgate de uma democracia sólida. Que protestem
contra essa “República de Bananas” que o PT vem instalando em nosso amado
Brasil!
Segue,
por falar nisso, um artigo meu publicado em 2011 no GLOBO sobre o assunto,
justamente no aniversário da República também:
República das Bananas
“Vês, pois, que, onde tudo está sob o poder
de uma facção, não se pode dizer que existe República.” (Cipião)
Neste feriado, que celebra mais um aniversário de nossa
República, vem ao caso refletirmos sobre os rumos de nosso país. Até que ponto
vivemos sob um regime que podemos chamar, efetivamente, de republicano?
Todos dizem defender a “res pública”, até mesmo os regimes
socialistas totalitários. Mas a essência do modelo republicano está na questão
da representatividade. Sem um modelo eficiente de representação política, com
claros limites constitucionais ao poder do Estado, não é adequado chamar de
República o regime.
Sob esta ótica, o Brasil não está nada bem na foto. Feudalismo,
patrimonialismo ou mercantilismo: esses são os termos mais adequados para
descrever nosso modelo. Há extrema concentração de poder no governo central,
dominado por uma patota que transformou a coisa pública em “cosa nostra”. O
Estado foi privatizado. A pilhagem é sistemática.
Um “Ogro filantrópico” (Octavio Paz). Um “Dinossauro” (Meira
Penna). Estas são as imagens mais fiéis ao Estado brasileiro, uma máquina que
distribui privilégios aos “amigos do rei”, enquanto espalha os custos,
especialmente sobre a classe média, esmagada pelos impostos e sem representação
política adequada. Ou o leitor se sente representado em Brasília?
Nossa República nasceu sem participação popular. Entre os
principais motivos de descontentamento com a monarquia, estavam os altos
índices de analfabetismo e de miséria. Pergunto: como estamos após 122 anos?
Malgrado algumas conquistas, parece evidente que o modelo tem fracassado, e
muito. Temos elevado índice de analfabetismo funcional, péssima qualidade de
ensino público, e muita miséria ainda.
Inúmeros parasitas são sustentados pelas benesses estatais,
restando aos hospedeiros uma fatura que já chega a um trilhão de reais! Se as
instituições republicanas já eram frágeis, foram enfraquecidas ainda mais
durante a gestão petista. O ex-presidente Lula muito contribuiu para esgarçar
de vez os valores republicanos, ao escancarar, com escárnio, suas alianças
espúrias em nome da “governabilidade”.
O “mensalão”, com sua completa impunidade até agora, foi a pá de
cal nas esperanças daqueles que sonham com um modelo mais justo e ético.
Levaremos anos, quiçá décadas até recuperarmos os estragos causados pelos
abusos de poder do lulopetismo. O Estado foi transmutado em um gigantesco
instrumento de compra de votos, possível graças ao crescimento chinês, que
inundou o Brasil com divisas para a compra de recursos naturais. A expansão de
crédito fez o restante.
O governo criou bolsas para diversas classes, desde as esmolas
para os mais pobres, até a “Bolsa Empresário” do BNDES. Os sindicatos foram
comprados, assim como a UNE, que aderiu a um constrangedor silêncio frente aos
infindáveis escândalos de corrupção. As ONGs, agora em evidência, ignoraram a
letra N e se tornaram braços governamentais envoltos em esquemas de desvio de
recursos públicos. As exceções comprovam a regra.
Alguns podem alegar que a elevada popularidade justifica isso
tudo. Os que assim fazem, apenas demonstram não compreender o conceito de
República. Até Mussolini foi popular na Itália fascista! Como Cícero explica
nos diálogos sobre a República Romana, “não creio que corresponda mais o nome
de República ao despotismo da multidão”. Tirania popular ainda é tirania.
O Brasil não chega a tanto, é verdade. Não estamos no mesmo
estágio da Venezuela de Chávez, a despeito do desejo de muitos petistas. Mas
ainda vivemos no Antigo Regime, das castas e capitanias hereditárias,
tributário do autoritarismo da Era Vargas e do positivismo. Estamos muito
distantes da Grande Sociedade Aberta e do império da lei isonômica.
O alerta feito por Ayn Rand mostra a precária situação
brasileira: “Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a
autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para
quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam
ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não
nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você;
quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em
auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade
está condenada”.
Vamos deixar isso acontecer passivamente? Republicanos
legítimos, uni-vos! Está na hora de romper com os grilhões do patrimonialismo e
instaurar uma República de fato em nosso país.
Rodrigo Constantino
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