19
de dezembro de 2014 • 10h27 • atualizado às 10h40
MP quer que prefeitura reconstrua busto demolido de militar
Prefeitura
alega que após o relatório da Comissão Nacional da Verdade ficaram evidentes as
atrocidades cometidas pelo regime militar e que por esse motivo não haveria
motivo para homenagens
·
Daniel Favero
Busto foi demolido após o relatório da CNV
Foto: MP-RS / Divulgação
Um promotor de Justiça do Ministério Público do Rio Grande
do Sul ingressou com um processo na Justiça pedindo que a cidade de
Taquari, a 96 quilômetros de Porto Alegre, reconstrua o monumento com o busto
do ex-presidente que assumiu o poder durante o regime militar Arthur da Costa e
Silva. Após a divulgação do relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), o
Executivo municipal resolveu botar abaixo a obra por considerar que ficaram
comprovadas as atrocidades cometidas durante o regime, e que por esse motivo
não haveria motivo para homenagens.
Taquari é a cidade natal de Costa e Silva, que assumiu a
presidência do País de março de 1967 a agosto de 1969. Ele era considerado um
militar linha dura e foi responsável pelo Ato Institucional nº 5 (AI-5), que
deu poderes ditatoriais ao governo. A lagoa Armênia foi o local escolhido para
a colocação da homenagem, instalada em 1976, com a inscrição “nesta Lagoa
Armênia, na infância, organizou seu primeiro pelotão de meninos. Em hora
difícil, presidente da República, comandou com altruísmo o Brasil e o povo
Brasileiro”.
A prefeitura promoveu justificou a demolição alegando que
“restaram comprovadas as atrocidades cometidas no período da ditadura militar,
especialmente naquele período conduzido por Costa e Silva. Portanto, a administração
municipal de Taquari entendeu que não havia razão para manter uma homenagem no
maior ponto turístico da cidade, espaço de demonstrações culturais, justamente
a quem promoveu um período nebuloso na história do País. Cidadãos de Taquari,
inclusive, sofreram as mazelas daquele período. O busto, portanto, foi retirado
e já está junto ao Museu Costa e Silva, existente no município e mantido pela
Prefeitura Municipal. Junto com ele, também estará à disposição uma cópia do
relatório da Comissão Nacional da Verdade, para que a história seja conhecida
na totalidade em que foi possível escrevê-la”.
Ao ingressar com a ação na Justiça, na quinta-feira, o promotor
de Justiça Pedro Togni pede que o prefeito Emanuel Hassen de Jesus (PT),
conhecido como Maneco, pede que o busto seja recolocado no local de origem, sob
pena de multa.
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De acordo com Togni, a demolição infringe a Constituição
Federal, que determina a obrigação do ente público de proteger os direitos
culturais e os bens materiais portadores de referência à identidade e à memória
dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. “O ato do Prefeito
gerou indignação e repúdio da comunidade taquariense”, disse o promotor em
publicação do Ministério Público do Rio Grande do Sul.
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