Oliver: ‘Ainda
sobre o bosque’
VLADY
OLIVER
O
partido que tem cheiro, cor, cara e consistência de uma vigarice ─ um bosque ─
seria digno ou não de crédito se um partido fosse. Não é. É uma seita vagabunda
que subverte os valores, a decência e a história deste país, tentando
reescrevê-la pelas tintas mais picaretas. Como bem definiu o vizinho de teclas
Reinaldo Azevedo, a coisa é uma mentalidade. É incrível que a política
brasileira não se dê conta que das dimensões da camorra organizada para
rapinar, dissimular, desviar dinheiro público e quebrar a coisa pública através
da inépcia, do aparelhamento pusilânime, do controle sectário em nome das
vontades do bando e da total descaracterização das liturgias políticas.
É
o churrasco na laje tomado por bandidos que ninguém sabe de onde vieram, como
entraram, quem convidou e por que começam a bolinar os participantes
impunemente. Nesta festa pobre, o pobre eleitor feito de besta é enganado dua
vezes: uma pela própria quadrilha, que mente, provoca, ameaça e distorce a
realidade para continuar no poder; outra pela “coisa pública de modo geral”,
este ente esquisito que é uma polícia que você chama e não vem; um funcionário
que você paga e não trabalha. Enquanto se discute se é oportuno ou não um
processo de impeachment, se os cartazes nas ruas são adequados ou não a uma
democracia de fachada que cultivamos por aqui com nossa subserviência, o
partido das estrelinhas na cueca e dos coraçõezinhos moles vai fazendo sua
cartilha manca gramsciana ser engolida sem maionese por aqueles que só estão
aqui mesmo para pagar a conta da vigarice.
Temo
pela cegueira generalizada. Quando um José Serra afirma que “não somos
cucarachas”, a frase infeliz não só soa preconceituosa com os pobres feitos de
otários de outras repúblicas bananeiras desta américa latrina como escancara a
falta de visão desses comadres das verdadeiras intenções da quadrilha ora no
poder. Pelo que eu saiba, já existem provas suficientes e indícios mais que
suficientes para puxar a descarga da ética e mandar este partido das
estrelinhas cuequeiras para o inferno. Se ganharam as eleições presidenciais de
outubro, o fizeram montados num esquema que tem todos os ingredientes de uma
fraude sem precedentes em nossa república. Uma fraude que, se ficar impune para
salvar as aparências dessa política confrade e agachada em que nos metemos, vai
fazer vítimas cada vez mais graves diante do precipício em que puseram o país.
O
“orçamento impositivo”, a “Unasul” e suas tentativas de controle dos processos
eleitorais e das Forças Armadas dos países da tal “Pátria Grande” ─ onde nos
puseram sem pedir nosso consentimento ─ além da falência anunciada e proposital
da Petrobras e as evidências de que todos sabiam o que estava em curso e mesmo
assim apostaram em colocar só o “lado capitalista” do poder na cadeia não
bastam para traçar um roteiro ameaçador do que teremos pela frente? Ou a soberania
do nosso país pode ser apalpada e manietada dessa forma sem que as instituições
pagas para esse fim aqui esbocem qualquer defesa? São doze anos em que a
oposição está morta. Finge-se de morta.
É
a oposição que acha melhor dar um voto de confiança em quem já provou que veio
mesmo para arrasar nossa democracia. É a oposição que se mostra pequena,
acuada, covarde, distraída e desunida diante de um mar de pilantragem cujas
ondas batem contra as mesas diretoras do Congresso. Não se enganem nem se iludam,
meus caros leitores. Por trás dessa impressão de que nada há de ser feito,
centenas de apadrinhados levam o seu quinhão de mortadela pra casa, impondo um
preço para que o governo governe, iluda e controle a plebe rude, brandindo seus
dias do macarrão. A vida nessa realidade paralela só pode acabar quando os
iludidos perceberem do que se trata este projeto de poder. Demora, mas o final
infeliz é garantido. Vai fundo, Brasil.
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