Brasília:
Capital da Desordem
Por Márcio Accioly
Quando se observa a crise que ora acontece na
área de Saúde do Distrito Federal, não se consegue entender o porquê de tantos
ladrões dos cofres públicos cometerem de forma permanente sempre os mesmos
assaltos e desvios à luz do dia, mantendo-se à margem da lei. O governador
petista Agnelo Queiroz (2011-15) roubou de forma aberta e escancarada, entregou
o cargo a seu sucessor, Rodrigo Rollemberg (PSB) e viajou tranquilamente para
gozar férias em Miami, EUA.
Diariamente, os que moram em Brasília têm sido
obrigados a conviver não apenas com o drama da Saúde, mas com manifestações
grevistas que paralisam as principais avenidas da Capital Federal. Elas impedem
a livre circulação de veículos e expõem situação que se ramifica de cima para
baixo, baseada em exemplos dos mais vergonhosos por parte de nossas
“autoridades”.
Os salários dos servidores se atrasam há
meses, as empresas de ônibus estão quase à falência por falta de repasse de
recursos públicos e nada funciona! Quem consegue enxergar um palmo adiante do
nariz tem de fazer muito exercício mental para não entrar em pânico porque o
inevitável desastre que se avizinha pode se instalar a qualquer instante com
violência incontrolável. No país comandado por marqueteiros, a fantasia da
propaganda eleitoral mascara o horror do dia a dia.
A “administração” Agnelo Queiroz foi tão
desastrosa que mesmo com toda a força do cargo que ocupava ele não conseguiu
chegar ao segundo turno. Na campanha eleitoral, as peças publicitárias louvavam
o modelo ímpar de sua gestão, mostrando hospitais impecáveis, semelhantes aos
melhores classificados no primeiro mundo. Hoje, os médicos e professores estão
em greve, por conta de salários atrasados e a realidade é diametralmente oposta
à que se propagou na disputa.
O Brasil tem sido assim desde a sua fundação.
O novo governante que assume, invariavelmente, é sempre muito pior do que o que
sai. Cobra-se empenho, fala-se em “dedicação”, mas nada surge de positivo. Os
homens públicos brasileiros se deliciam na prática política de “terra
arrasada”. Os únicos a lucrarem são os que se locupletam nos altos cargos.
Chame-se qualquer um para ocupar qualquer Ministério e ele irá correndo
atender, sem hesitar. Busca-se apenas o enriquecimento rápido na prática de
ilícitos.
A maioria dos homens públicos brasileiros não
presta atenção a nada que sirva de lição e se repete em velhos desmandos,
convencida de que jamais será punida. Cria-se espécie de corporativismo onde o
acordo tácito é o de cuidar dos interesses de cada qual, estabelecendo-se
cumplicidade que se baseia na defesa de interesses comuns. Veja-se a formação
de um tribunal como o STF, com os seus membros indicados pelo presidente da
República.
Depois que os mensaleiros foram condenados,
aposentaram-se dois ministros: Cezar Peluso e Ayres Britto. Ao ser sabatinado
pelo Senado, o novo indicado para o STF, Luís Roberto Barroso, disse logo aos
senadores que a condenação dos mensaleiros havia sido “um ponto fora da curva”.
Deu a senha desejada, garantindo que tal não teria acontecido com ele. Depois,
nomeou-se Teori Zawascki, mudando-se radicalmente a composição do Supremo. O
ministro Joaquim Barbosa não aguentou e caiu fora.
O problema é que a população parece estar
chegando ao limite, Algumas manifestações de populares linchando criminosos e
quebrando fóruns (como, recentemente, em Buriti, MA), deixam bem claro que já
existe considerável número pretendendo fazer Justiça com as próprias mãos. Imagine-se
quando a crise se agravar: sem água, sem energia e com quebra na produção de
alimentos, com milhões de pessoas brigando por água e comida. Com os dirigentes
que possuímos, o desastre será absoluto!
Márcio Accioly é Jornalista.
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