Carma não é ficar ao lado de alguém
para pagar dívidas espirituais
Wanderley
Oliveira
Uma
noção muito pesada e sacrificial de carma tomou conta da cultura ocidental.
Talvez por razões da influência da cultura religiosa predominante a visão
ocidental adicionou o conceito de dor e pecado a esse princípio, que faz parte
das culturas mais antigas do oriente.
Infelizmente
as religiões, nelas incluindo a cultura do espírita, estão muito carregadas de
um conceito tóxico de Carma, no qual a proposta é sofrer por sofrer, pagar
dívidas de outra reencarnação.
Essa
cultura trouxe como efeito um comportamento passivo, um conceito distorcido da
virtude da resignação. Nessa ótica, resignação é sinônimo de passividade diante
de nossos problemas e dificuldades durante a vida, como se eles tivessem sido,
previamente, planejados e que adianta tentar mudanças nesse projeto feito antes
do renascimento carnal.
Para
muitas pessoas, por uma questão de medo e acomodação, é preferível dizer que
suas dores são carmas do passado que ela tem que passar, do que se dar ao
trabalho de acionar a coragem e o ânimo de encontrar soluções e respostas para
sair de suas dificuldades. Transformar o sofrimento em algo útil e educativo,
realmente é bem mais trabalhoso!…
O que
temos feito muitas vezes é suportado, aguentado situações e relacionamentos, se
prendendo a sentimentos e atitudes na convivência, que não acrescentam e ainda
nos desestruturam. Devido a essa postura, “esticamos” o nosso carma que já
poderia ter se “fechado” em seus ciclos, para abertura de novas etapas. A
proposta carmática não é baixar a cabeça e aguentar e sim reagir e encontrar as
saídas dos problemas e das más experiências.
Passar
uma vida inteira aquentando uma relação em prol da família ou de um casamento
pode acarretar sérios problemas espirituais. Desencarnar doente e infeliz,
magoado e insatisfeito, causa muita perturbação no mundo espiritual. E, quando
reencarna novamente, traz consigo os mesmos problemas para resolver, o Carma
ainda não está superado, o ciclo não foi fechado.
Carma
não se fecha com dor e sim com aprendizado, com atitude renovada.
Concluímos
as nossas etapas carmáticas quando aprendemos o que a dor e os desafios da vida
tem para nos ensinar. Isso significa girar a roda da vida, avançar em percepção
sobre algo que nos aflige, progredir.
Em uma
novela da Rede Globo, o personagem Shankar, representado por Lima Duarte,
sempre mencionava um conceito de carma que eu jamais quero esquecer. Ele dizia:
“Carma é você estar condenado a agir. Agir para vencer a roda da vida.”
Esse
tema tem causado muita confusão e sofrimento na vida de multidões. A interpretação
da palavra carma, quase sempre é associada à ideia de ser condenado a uma dor e
não ter saída.
Estamos
sim condenados a passar alguma experiência nem sempre agradável. A vida, porém,
não quer castigar e sim educar. Que bom pensar desse modo! Isso muda
muita coisa!
Quem
pensa que tem que passar por algo ruim e acredita que isso não pode ser mudado,
pode estar, em verdade, se acomodando na chamada zona de conforto. Para alguns,
como já mencionei, permanecer em algum carma pode ser “vantajoso” diante do
trabalho que vai dar para sair dele através do encerramento de determinados
ciclos de aprendizado.
Quando
a gente pensa carma como algo que precisa acontecer, mas do qual podemos nos
libertar, o tema ganha um bom senso incomparável. Usando inteligência,
disposição sincera de aprender, boa vontade e uma farta dose de coragem,
podemos e devemos encerrar muitos ciclos a que fomos condenados. Condenados,
diga-se de passagem, a agir para sair deles.
Essa,
aliás, é a única condenação aceitável diante do raciocínio lógico que nos leva
a construir uma visão misericordiosa de Deus e Suas Sábias Leis. Em outras
palavras, as dores e problemas da nossa existência só acontecem para que
aprendamos como sair deles. E saindo deles somos transportados a um novo mundo de
vivências e sentimentos na aquisição da sabedoria.
Ninguém,
em são juízo, deve buscar a dor intencionalmente, todavia, quando ela chegar é
muito bom saber que traz junto um recado de Deus que pode ser traduzido mais ou
menos assim: “Filho eu lhe entrego essa dor apenas para que olhes no espelho da
vida, e perceba o quanto precisas aprender acerca daquilo que ela veio para te
ensinar, diante de tuas próprias escolhas. Aprenda o quanto antes a como
superar essa dor e concluir teu carma.”
Comentários
Postar um comentário