Itamaraty do Levy. Embaixadas sem dinheiro para pagar aluguel, telefone, internet, calefação e até papel higiênico.
Itamaraty
do Levy. Embaixadas sem dinheiro para pagar aluguel, telefone, internet,
calefação e até papel higiênico.
Embaixada do Brasil na Bolívia, que recebeu Dilma
ontem, para a posse de Evo Morales.
(Folha) Uma circular enviada pelo Ministério das
Relações Exteriores aos diplomatas nesta quarta-feira (21) adverte que o
governo enviará, para este mês de janeiro, recursos que só irão cobrir os
salários e obrigações trabalhistas dos contratados locais das embaixadas e
apenas parte dos pagamentos pendentes de outros meses.
Por causa do corte de gastos imposto pela presidente Dilma
Rousseff no dia 8, não haverá recursos suficientes para manutenção dos postos
(incluindo internet, energia, aquecimento, telefone) e também para aluguéis dos
funcionários do Itamaraty no exterior, a menos que haja sobra de caixa nas
representações, situação bastante rara ultimamente.
Como a Folha revelou na edição impressa desta quinta-feira (22),
diplomatas brasileiros em Tóquio (Japão), Lisboa (Portugal), na Guiana, nos
EUA, no Canadá e no Benin (África) enviaram telegramas ao Itamaraty nos últimos
dias alertando que estavam prestes a sofrer corte de energia nas embaixadas por
atrasos no pagamento.
Os funcionários também disseram estar sem dinheiro para comprar
papel para impressoras e materiais, pagar a conta da calefação, internet e
outros. Muitos não recebem recursos há quase dois meses e, em alguns casos, têm
tirado dinheiro do próprio bolso para poder ter os serviços básicos em suas
residências. Tudo isso ocorreu antes de entrar em vigor o corte anunciado pela
circular desta quarta-feira. Os salários dos diplomatas não devem ser afetados
porque saem de outra dotação orçamentária.
RECURSOS EM QUEDA
A participação do orçamento do Itamaraty no total do Executivo,
que já era pequena, caiu quase à metade em 2014 em relação a 2003 --de 0,5%
para 0,27%. A circular, enviada pela divisão de acompanhamento de postos no
exterior e obtida pela Folha, refere-se ao decreto nº 8.389, publicado
em 7 de janeiro.
O documento determinou que, até a aprovação do Orçamento pelo
Congresso, todos os órgãos da administração federal deverão operar com parcela
mensal equivalente a 1/18 do Orçamento. "Essa parcela equivale a cerca de
50% dos recursos que devem ser autorizados aos postos em base mensal", diz
a circular. Isso porque já se acumulavam recursos não pagos de meses
anteriores.
"O corrente exercício iniciou-se com a necessidade de envio
de quantia vultosa relativa a compromissos assumidos em 2014 que não puderam
ser honrados até 31 de dezembro de 2014", afirma a circular. "À luz
do exposto, esclareço que os recursos autorizados para o corrente mês somente
permitirão o pagamento dos salários e obrigações trabalhistas dos auxiliares
locais e parte das obrigações de exercícios anteriores."
O decreto de janeiro bloqueou gastos até a aprovação do Orçamento
federal, esperada para fevereiro ou março. No entanto, depois de aprovado o
Orçamento, deve haver outro decreto prevendo corte de gastos ainda maior, para
tentar cumprir a meta de superávit primário de 1,2% do PIB em 2015.
Comentários
Postar um comentário