Exemplo de
descalabro moral
Por Márcio Accioly
Recentemente, o ex-presidente
Lula da Silva, o Lularápio, afirmou que “o Poder Judiciário não vale nada. O
que vale são as relações entre as pessoas.”Com a colocação, ele apenas teorizou
a respeito daquilo que há tanto tempo pratica: a desvalorização das
instituições, a desqualificação do país e o cultivo da impunidade. Mas, justiça
se lhe faça:Lularápio não é caso isolado a merecer execração geral. Só se a
pessoa for tão alienada que viva à margem do cotidiano de um país desacreditado
como o nosso.
Logo após ter sido nomeado e
aprovado para o STF, Joaquim Barbosa foi vítima de constrangimento que jamais
imaginara (mesmo ele, cuja vida pessoal é dominada por atitudes polêmicas
passíveis de reparo). Munido de diplomas conquistados com grande mérito, inclusive
o de mestrado e doutorado em Direito Público pela Universidade de Paris II
(Panthéon-Assas), o ministro recém-nomeado foi até a residência da Granja do
Torto para tentar conversar com o então presidente.
Lula o recebeu num final de
semana, no meio de churrascada regada a bebida, abrindo os braços de forma
efusiva, quando o avistou, e caminhando apressado de onde se encontrava, aos
gritos: “-Negaaãoo! Que prazer recebê-lo aqui. Só tava faltando tu!” E chegou
junto todo suado e exalando fumaça de cigarrilha e cheiro de álcool. Joaquim,
todo formal, anunciou: “-Presidente, vim aqui falar com o senhor a respeito dos
cursos que fiz e agradecer a indicação...” Lula nem deixou que ele terminasse:
“-Num quero saber de nada, fique
à vontade. Tu fosse nomeado porque é negão e eu tinha que colocar um preto
naquela casa.” Joaquim Barbosa ficou por ali, deu um tempo e caiu fora quando a
primeira chance se apresentou.
Quem se enganou com Lula da Silva
só entrou numa furada porque quis. O Brasil nunca conseguiu se estruturar como
nação. Sua população está sempre em busca de um salvador. De alguém com a
capacidade de resolver todas as suas intermináveis pendências. A fragilidade de
suas instituições é sempre uma porta escancarada para os aventureiros de todos os
níveis e quilates. Assim como Lula da Silva, que por não possuir referencial
moral preenche a inaptidão intelectual com lucubrações criminosas.
Agora, o empresário gaúcho Auro
Gorentzvaig encaminhou denúncia ao Ministério Público em que relata a venda da
petroquímica Suzano, para a Petrobras, pelo triplo do preço em negociação
deliberadamente montada com a participação de Lula da Silva e da presidente
Dilma Roussef. Tudo o que aconteceu no mensalão e tudo que está acontecendo com
a Petrobras exibe a cumplicidade de Lularápio que falta ainda ser investigado
nos financiamentos espúrios realizados através do BNDES.
O “empresário” Eixe Batista, que
já foi exibido como espécie de ícone da fase positiva do sistema econômico
adotado por Lula, tornou-se milionário por conta do dinheiro público derramado
em financiamentos do BNDES. Hoje, ninguém mais se lembra. Mas se for realizada
pesquisa rápida no google, pode-se ver Lularápio embarcando em jatinhos de Eike
Batista e de empreiteiras que se cansaram de ganhar milhões e bilhões de
dólares em financiamentos mal explicados no exterior. Todos patrocinados pelo
governo brasileiro. As ditaduras foram as principais favorecidas.
Quanto ficou de propina em contas
bancárias ainda não reveladas, beneficiando o ex-presidente de nossa
desmoralizada República? Que envolvimento, compadrio, cumplicidade, pouca
vergonha tão agressiva é essa que impede a prisão do operador do PT, Renato
Duque, embora todos os outros envolvidos ainda estejam engaiolados?
Não se trata apenas de promover
reforma política ou de prender meia dúzia, quando as colunas do Estado
brasileiro se encontram apodrecidas e ameaçando ruir. Talvez já seja tarde
demais, mas seria muito bom se pelo menos se começasse a tentar.
Márcio Accioly é Jornalista.
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