Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Gelio Fregapani
O ataque a indústria Nacional amplia-se em
todas as frentes. A maior pressão é sobre a Petrobrás, aproveitando do
escândalo da corrupção. A pressão aumenta também sobre as grandes construtoras,
lamentavelmente também envolvidas no petrolão e no que ainda aparecerá do BNDS.
A guerra contra a nossa indústria não se
restringe a corrupção; ataca-se a preferência dada às empreiteiras e aos
produtos nacionais (talvez mais caros, mas que criam riquezas, tecnologia e
empregos. (a Petrobrás e seus fornecedores respondem por 20% do total dos
investimentos produtivos realizados no Brasil.) Só a Odebrecht e Camargo Corrêa
foram responsáveis por mais de 230 mil empregos.
Abalar a Petrobrás e inviabilizar as
empreiteiras nacionais implica acabar com o desempenho de engenheiros e
técnicos brasileiros em atividades que tragam desenvolvimento. As empreiteiras
são importantes não só na engenharia civil, onde se têm mostrado competitivas
até no exterior, mas também por formar quadros e gerar de empregos de qualidade
nos serviços e na indústria, inclusive a eletrônica e suas aplicações na
defesa.
Principalmente atacam-se os financiamentos.
Para as massas populares está sendo demonizado O projeto de tentar criar os
"players" brasileiros atuando no mundo com o Programa de
Sustentação de Investimentos, criado no auge da crise financeira mundial em
2009 Este plano contribuiu fortemente para passarmos quase incólumes na crise
financeira internacional e só teríamos elogios a ele se não tivesse
havido a corrupção e as propinas.
Lamentavelmente se quer destruí-lo lançando
fora o bebê junto com a água suja do banho. Neste último aspecto devemos
distinguir o correto subsídio para desenvolver empreiteiras nacionais através
de juros subsidiados, da malandragem dos que, a pretexto de obras, conseguem
empréstimos a juros de 3,5% e o “emprestam” ao Governo a juros de 11,5% até
mesmo sem construírem o que se propuseram. Estes sim mereceriam até o
fuzilamento
O nosso Brasil vive um momento decisivo.
Se não quiser sucumbir, em definitivo, à condição de subdesenvolvido, terá de
enfrentar, além da corrupção, as oligarquias financeiras transnacionais, que
utilizando o pretexto de combater a corrupção visa acabar com qualquer
veleidade de autonomia nacional, no campo industrial, no tecnológico e no
militar, e isto só podemos compreender com uma análise fria, sem as empolgações
partidárias dos que acham que vale tudo, até acabar com o que funciona, para
derrubar um mau governo.
O Momento Político
A oposição, ao insistir em promover o
impeachment só mostra ingenuidade. O senador Aécio pode até ter sonhado
com isto, mas a cantilena do estelionato eleitoral já perdeu o prazo de
validade e não empolgou a população. Um processo de impeachment depende de
aprovação do Congresso, o que não acontecerá com uma base aliada que troca
apoio por cargos na máquina estatal. Só aconteceria se Dilma investisse
realmente contra a corrupção ou cortasse as mordomias dos parlamentares e do
Judiciário.
Certo, Dilma governará sob a espada de
Damocles. A oposição quer a queda dela, a base aliada não gosta dela, nem
tampouco o próprio PT, idem quase a metade da população e principalmente a
oligarquia financeira internacional, para quem Dilma, embora tenha cedido em
tudo, não merece confiança. Para culminar, há fortes indícios de decisão do
próprio Lula de derrubá-la ou ao menos a neutralizar, mas o Congresso, o poder
mais corrupto, estará disposto a aplicar o impeachment somente se for
contrariado.
Dilma, para se manter, cederá tudo à
escancarada goela dos parlamentares e da oligarquia financeira internacional, o
que parece, já está fazendo. Tudo indica que não será a reboque da choradeira
eleitoral que poderemos sonhar com melhores dias. Seria preciso que, além da
interromper um status quo corrupto, que se ofereça algo melhor, tanto na
administração e integridade como no orgulho nacional, e isto os postulantes,
todos subordinados à oligarquia internacional não podem oferecer. É forçoso
reconhecer que todos eles deixam muito a desejar.
Além do mais as forças que se reúnem para a
derrubada da Dilma divergem sobre quem a deveria substituir; pela Constituição
seria o vice-presidente, recusado quer pela oposição quer pela maioria da
população, que já está enojada da política do toma lá dá cá. O mesmo
raciocínio serve para toda a linha sucessória legal, passando pela presidência
da Câmara até a presidência do STF.
Fora da linha sucessória legal, talvez em uma
nova eleição disputassem Lula (doente e quase tão estigmatizado como a Dilma),
Aécio, queimado pelo apoio da oligarquia financeira e já recusado por mais de
metade dos votos válidos e (que Deus nos livre) a santinha do pau oco, a musa
do atraso, a causadora dos apagões - Marina Silva, a pior de todos.
Como nenhum desses postulantes parece
palatável pode ser que Dilma continue em seu claudicante governo, embora refém
das forças citadas, sem jamais contrariá-las. Outra possibilidade é que a
confusão seja tanta que exija um controle militar.
Mas então seria outra história.
A perda do ideal
Pode chegar o dia em que achamos que estamos
maduros e deixamos de lado as fantasias da infância, seja porque as
consideramos realizadas, seja por termos desistido dos nossos sonhos. A vida
então passará a ser uma tarde de domingo, sem nos pedir esforço, sem desafios,
sem nos exigir nada mais do que temos a mão, sem desejos nem sofrimentos, mas
sem a alegria de um resultado conseguido com sacrifício.
Numa fase assim (que nunca chegue), estaremos
em paz comparável ao Nirvana dos hindus. Nos consideraremos em paz, mas, no
íntimo de nosso coração, sabemos que a renuncia à luta por nossos sonhos nos
deixa prontos para a morte; que no fundo não queremos o Nirvana , mas sim o
Walhala, o bom combate e não o vazio da alma. Que almejamos a paz, mas quem
sabe, como na oração dos paraquedistas gostamos mesmo é da insegurança e da
inquietação, da luta e da tormenta. Pelo menos alguns de nós precisam de um
Santo Graal para viverem felizes.
Nem todos pensam assim. Vejo com tristeza
muitos queridos amigos, gente boa, querer ir embora para o exterior, querer
desistir do nosso País. Ledo engano. Pode ser até que encontrem coisa melhor,
mas certamente encontrarão mesmo é a saudade. Lhes faltará um motivo para
lutar. Faltará um toque de clarim, um rufar de tambores, um camarada ao lado e
uma bandeira verde-amarela desfraldada.
Que voltem logo. Sempre estaremos esperando de
braços abertos.
Comentários
Postar um comentário