Novas regras do FIES impostas por Dilma excluem os mais pobres da universidade.
(Estadão)
A exigência de nota
mínima no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para quem quiser obter o
Financiamento Estudantil (Fies), que valerá a partir do dia 30, vai afetar
justamente o principal público do programa:
os mais pobres. Os dados mais recentes da prova disponíveis, de 2012, revelam que 93% dos alunos que não atingem o novo limite de 450 pontos na média são de famílias com renda de até 5 salários mínimos.
os mais pobres. Os dados mais recentes da prova disponíveis, de 2012, revelam que 93% dos alunos que não atingem o novo limite de 450 pontos na média são de famílias com renda de até 5 salários mínimos.
Esse é o
perfil de renda que responde, por exemplo, por 86% dos contratos ativos do
Fies. Estudos já mostraram que a renda familiar é um dos fatores que mais
influenciam no desempenho escolar. A pedido da reportagem, os dados foram
tabulados com base nos microdados do Enem pela Meritt Informação Educacional.
Metade dos 5,7 milhões de pessoas que fizeram o Enem não alcançou em em 2012 o
mínimo estipulado.
Conforme o
Estado revelou em uma série de reportagens sobre o Fies neste ano, os
gastos do governo federal com o programa passaram de R$ 1,1 bilhão, em 2010,
para R$ 13,7 bilhões em 2014. Mas o ritmo de crescimento do número de alunos
nas universidades privadas acabou caindo para 2,5% ao ano - metade do que foi
registrado no início do governo Lula.
O
Ministério da Educação (MEC) tem restringido novos contratos e, nas renovações,
colocou limite de reajuste de 6,4%. Mas a principal decisão anunciada
oficialmente até agora foi a criação da pontuação mínima no Enem para quem
quiser aderir ao Fies. Passará a valer a partir do dia 30, embora o sistema de
concessão fique aberto até 30 de abril.
Agora, as
chances de alguém de família com renda de até 1 salário mínimo mensal não
conseguir o financiamento chegam a ser 20 vezes maiores do que alguém no outro
extremo das faixas de renda, cuja família ganha mais de 20 salários por mês. “O
MEC conseguiu travar a demanda pelo Fies, mas o impacto não tem a mesma força
sobre todos. Atinge os mais pobres”, afirma Alexandre Oliveira, da Meritt.
Quanto
menor a renda, maior a proporção de participantes que não atingiram a nota
mínima. Entre os 2,7 milhões de candidatos com renda familiar de até 1,5
salário mínimo que fizeram o Enem em 2012, por exemplo, 63% não atingiram o
critério. Na outra ponta, o porcentual é de 17% entre os candidatos com mais de
10 salários.
O MEC
defende a exigência como maneira de estimular os alunos a buscar melhor
pontuação no Enem e aumentar a qualidade do ensino superior. A pasta ressalta
que mais de 550 mil candidatos com renda familiar de até 1 salário mínimo - ou
2,6 milhões, se o limite de renda analisado for de 5 salários - atenderiam à
nova regra de pontos.
Educafro. Segundo a pasta, há outros
programas de acesso, como o Programa Universidade para Todos (ProUni), que já
concedeu mais de 1,5 milhão de bolsas nos últimos anos, além do sistema de
cotas nas universidades federais. Já a Educafro, que luta pela inclusão
educacional de pobres e negros, fez manifestação em Brasília por causa das
mudanças. “Estamos convictos de que o governo provocou um retrocesso nas
políticas de ação afirmativa alterando a regra”, disse o frei David Santos.
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