Sentimentos
de culpa na infância podem estar ligados a doenças mentais
Publicado: 20/01/2015 20:40 BRST Atualizado: 20/01/2015 20:41 BRST
A culpa excessiva é um sintoma conhecido da depressão adulta, mas um novo
estudo indica que tais sentimentos na infância podem prever
doenças mentais futuras, incluindo depressão, ansiedade,
transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno bipolar.
A ligação parece centrada na ínsula anterior – uma região do
cérebro envolvida na regulação da percepção, das emoções e da autoconsciência
que já foi ligada a transtornos de humor e de ansiedade e à esquizofrenia.
Segundo os pesquisadores, crianças que mostram sinais de culpa
patológicatêm uma ínsula anterior com menor volume, o que é
associado à depressão, e tinham maior probabilidade de se sentir deprimidas.
Os pesquisadores da Universidade Washington, de St.
Louis, conduziram um estudo longitudinal de 12 anos de 145 crianças
de idade pré-escolar.
Com idades de 3 a 6 anos, elas foram avaliadas para buscar
sintomas de depressão e culpa. Entre as idades de 7 e 13 anos, as crianças
foram submetidas a exames de ressonância magnética a cada 18 meses. A equipe
planeja continuar estudando as crianças por mais cinco anos, pelo menos.
Entre as que foram diagnosticadas com depressão, mais da metade
mostrava culpa patológica, comparado com 20% das que não sofriam de depressão.
Os pesquisadores descobriram que as crianças com altos níveis de culpa,
mesmo que não sofressem de depressão, tinham ínsulas anteriores menores – o que
prevê depressão mais adiante em suas vidas.
Crianças com ínsulas anteriores de menor volume no hemisfério
direito, relacionadas a culpa ou depressão, tinham maiores chances de
apresentar episódios recorrentes de depressão clínica quando crescerem.
O estudo, publicado mês passado na revista JAMA Psychiatry, é o
primeiro a fazer correlação entre culpa na infância e mudanças físicas no
cérebro.
É claro que a direção da causalidade ainda é desconhecida: a
culpa na infância pode levar a mudanças no cérebro, mas também é possível que
crianças predispostas à depressão tenham maior probabilidade de sentir culpa
excessiva.
De qualquer modo, a pesquisa sublinha outra ferramenta potencial
para a detecção antecipada de crianças com alto risco de sofrer de depressão.
Isso pode ajudar pais e educadores a adotar medidas preventivas.
“Essa pesquisa é muito nova e empolgante porque você pode
observar mudanças no cérebro, e ela mostra que a intervir cedo é realmente
importante”, disse Michelle New, psicóloga da George Washington
University, à The Atlantic. “Rejeitar sintomas precoces é perigoso.”
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