DENUNCIA – Militantes disfarçados de sem-teto ‘ganham’ R$ 89 milhões do governo Dilma
Quando parece que tudo
já está enlameado de corrupção e não há o que piorar, mais lambanças e
escândalos envolvendo esse governo são divulgados.
Os recursos do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) começam,
indiretamente, a alimentar a ocupação de terras em várias cidades do Brasil
pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o braço urbano do Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A entidade, que ocupa terrenos vagos,
já conseguiu cerca de R$ 89 milhões para construir cerca de 1.600 moradias em
três estados: São Paulo, Pernambuco e Goiás. Segundo Zezito Alves da Silva, um
dos coordenadores do movimento, também estão garantidos recursos para erguer
300 moradias em Roraima e mais 900 no Tocantins.
O Ministério das Cidades não autoriza projetos em terrenos
irregulares. Por isso, cresce a pressão do MTST para forçar a desapropriação de
terrenos que considera latifúndios urbanos. Ontem, o MTST reuniu seis mil
pessoas numa manifestação na Zona Sul de São Paulo, que parou a Marginal
Pinheiros, para protestar contra a decisão da prefeitura de São Paulo de suspender
qualquer desapropriação na cidade. Os manifestantes fazem parte do acampamento
Nova Palestina, no Jardim Ângela, periferia da cidade
A possibilidade de conseguir moradia por meio do MTST tem feito
aumentar a adesão de sem-teto ao movimento. Segundo a própria entidade, são
cerca de 40 mil famílias no país — quase 20 mil apenas na Grande São Paulo. Ao
contrário dos acampamentos rurais, onde os sem terra permaneciam no local meses
a fio, nos acampamentos urbanos as famílias montam barracas, mas a maioria fica
vazia. A obrigação é apenas fazer revezamento no local, para manter visível a
presença do MTST. Só fica no acampamento quem está realmente na rua. Boa parte
dos acampados segue diariamente para suas moradias atuais — casas alugadas ou
de parentes, por exemplo.
A verba pleiteada pelo MTST é do MCMV-Entidades. O Ministério
das Cidades habilita entidades sem fins lucrativos para pleitear recursos, e
elas podem escolher os beneficiários. Por ser um movimento social, sem Cadastro
Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), o MTST não pode obter diretamente os recursos
e utiliza associações habilitadas. Em Pernambuco, por exemplo, as verbas foram
direcionadas para a Associação de Apoio aos Sem Teto e para a Associação
Habitat para Humanidade.
Em São Paulo, a entidade habilitada a gerenciar a construção de
348 apartamentos em Taboão da Serra — um projeto de R$ 29 milhões — é a
Associação dos Moradores do Acampamento Esperança de um Novo Milênio. A
associação foi criada por Zezito Silva em 2002 para negociar um terreno ocupado
por apenas 42 famílias em Itapevi, na Grande São Paulo. Funciona numa das casas
precárias da ocupação, apontada por vizinhos como residência de Silva. No
local, acessado por viela, algumas pessoas dizem que só alugam a moradia e
estão ali há pouco tempo. Outros dizem que apenas Silva pode falar sobre a
situação da ocupação.
—A associação não tem nada a ver com o MTST. É uma associação
legal e pode pleitear verbas do Minha Casa Minha Vida — diz Silva, um dos
coordenadores do MTST.
Segundo Silva, a Associação comprou o terreno de Itapevi por R$
40 mil, mas não há escrituras individuais porque cada família ficaria com 50
metros quadrados de área, abaixo do limite mínimo estabelecido pela lei
municipal, de 125 metros quadrados.
De 2009 para cá, quando foi lançado o MCMV, a entidade cresceu.
Abriu filial em Brasília e firmou convênios com prefeituras, como Embu e Santo
André. A virada ocorreu em 2011, quando o estatuto foi adaptado para pleitear
recursos federais: incluiu entre as finalidades exercer atividades de provisão
habitacional, prestar serviços de assistência técnica/trabalho social ou agente
promotor de habitação de interesse social. Pode comprar, vender, tomar
empréstimos e usar linhas de crédito federais, estaduais e municipais. Embora a
ata da assembleia que incorporou as mudanças seja de 2011, ela só foi
protocolada no Cartório de Títulos e Documentos e Registro Civil de Pessoas
Jurídicas de Itapevi em abril de 2012.
Guilherme Boulos, da coordenação nacional do MTST, afirmou que o
movimento usa mais de uma associação, mas que as regras são rígidas, o que faz
com que a associação de Itapevi sirva de “guarda-chuva”. O
Ministério das Cidades informou em nota que associações locais podem ser usadas
por movimentos nacionais, como o MTST, e pleitear recursos do MCMV Entidades,
que já investiu R$ 626,4 milhões para atender famílias com renda de até R$
1.600 por mês. A maioria dos projetos, informou, é ainda vinculada a
prefeituras, que cadastram beneficiários. (Fonte:
O GLOBO, editado e acrescentado por Revolta Brasil)
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