O suspiro de Brahman
“Conforme o Hinduísmo, o universo nasce, vive e morre
segundo ciclos. Por ser a origem e o fim d...
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“Conforme o
Hinduísmo, o universo nasce, vive e morre segundo ciclos. Por ser a origem e o
fim de todas as coisas, o deus Brahman geraria estes ciclos por meio de sua
respiração: quando Brahman expira, ele cria o universo; quando ele inspira, ele
dissolve esse mesmo universo. O tempo de cada respiração do deus hindu é medido
pelos crentes em 4,320 bilhões de anos.”
A mente
anunciou:
-Está
feito. O último sol se apagou.
Em volta
dela, só a vastidão escura, silenciosa e fria; o tempo e o espaço não existiam
mais; a relatividade, as onze dimensões da teoria das cordas não existiam mais.
Galáxias exuberantes tiveram o seu tempo e passaram... Nebulosas dissolveram-se
e tenderam ao zero: a entropia finalmente triunfou sobre tudo quando a última
estrela, uma mísera anã branca se apagou...O universo não o era mais.
-E agora?-
indagou a mente.
-Está
feito! Acabou!
-Mas ainda
estamos aqui....
-Sempre
estivemos!- rebateu a mente.
-Somos só
nós?-indagou a mente.
-Nós? Sim!
Somos um....
-UM?! Estou
falando com você! Como podemos ser UM!?
-Ora...É
assim mesmo! Em todos os universos é a mesma coisa! Somos Um e no
entanto...temos esta...individualidade....
-Acha que
está acontecendo o mesmo em outros universos? O fim acaba de ocorrer lá também?
-E pergunta
para mim!? Se somos Um, devia saber!- espantou-se a mente.
- E eu sei!
Contudo...
-Se somos
Um, SEMPRE ocorre ao mesmo tempo!
–Mas
por que eu não tenho consciência disso!?-protestou a mente, sem se dar por
vencida.
-Claro que
temos! Justamente porque ocorre ao mesmo tempo em todos os universos, é como se
só ocorresse aqui...Tudo igual e ao mesmo tempo! Uma sensação única!
A mente
sondou as vastidões negras em que se encontrava, que no entanto não eram
vastidões porque o tempo-espaço não mais existia; o frio congelante chamou sua
atenção.
-Neste
universo é mais frio do que em outros em que eu também me encontro... Pequenas
variações são desculpáveis... A entropia pode ser mais intensa em um do que em
relação aos demais!
-Tudo tão
vazio...inexistente...O NADA é adimensional, no entanto aqui está...Que
entediante, não!?
-Felizmente
este é um ciclo eterno; flutuarmos neste vazio pelas idades sem fim, seria
muito....improdutivo! Prefiro a criação, sempre! É mais interessante!
-Realmente!
– concordou a mente! – Todas aquelas estrelas e nebulosas, nascendo e morrendo,
criando vida em seus estertores!
-VIDA!
Sempre nascendo de elementos primordiais, no cadinho cósmico das supernovas...
Evoluindo naquelas bolas de rocha e água, ao longo dos éons!
-E que
estranhas civilizações que derivam dela! Jamais me canso de estudá-las e de me
surpreender com elas... Nunca são iguais!
-Sem falar
em sua curiosa mania de nos deificar.... Às vezes aprecio isso, mas... às
vezes, acho repetitivo!
-O que
importa é que as mentes deles evoluem também e ao atingirem patamar de evolução
similar ao nosso, se fundem a nós e tudo se esclarece! De qualquer forma, se é
válido para a evolução deles...nada contra!
-Sim... De
certa forma, “eles” somos nós! Semeamos e colhemos, tudo a seu tempo!
-Em todos
os universos!-mencionou a mente com orgulho!
-Como
agora...se existisse tempo!
-O que me
lembra: por que ainda não recomeçamos tudo?!
-É mesmo!
Ficamos aqui conjecturando e deixamos o ciclo em suspenso! Imperdoável...
-Qual o
que! Somos Um, lembra-se! Não há o que perdoar! O que é um suspiro na
eternidade!!??
A mente concordou em silencio; por sua vontade, a sua frente um
ponto de luz se fez, irradiando calor extremo! No átimo seguinte, uma explosão
majestosa coloriu a escuridão, expandindo-se com velocidade impossível,
espalhando partículas subatômicas, gerando átomos e elementos primordiais! O
espaço e o tempo se formaram ali, e no decorrer de muitos milhões de anos, uma
estrela, a primeira de muitas, brilharia enfim........
Fim ( ou
o princípio! )
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