Quer escrever bem? Não tente parecer inteligente
Por Claudia Gasparini,15 jan 2017, 06h00
Homem tentando parecer inteligente (SanneBerg/Thinkstock)
São Paulo — Profissionais com boa redação têm um traço em comum: conseguem ser invisíveis em tudo aquilo que escrevem. Eles “desaparecem” atrás dos seus textos, que sempre são fáceis de entender e não trazem nenhum vestígio de esforço ou exibicionismo.
O redator que deseja brilhar, por outro lado, acaba ofuscando sua própria mensagem. No esforço de parecer inteligente, ele se perde em palavras difíceis, estruturas complexas, referências indecifráveis — tudo o que pertence ao estereótipo de um texto culto. Em vez de impressionar, confunde.
“Uma boa redação é transparente”, afirma a escritora e consultora Liane Davey em artigo para o site Harvard Business Review. Segundo ela, você só escreverá bem se investir em um bom conteúdo e limpá-lo de todas as interferências ou distrações que tornem o seu recado menos claro.
Tudo começa pela definição de um objetivo. Antes de começar a escrever, é importante se fazer esta pergunta: o que eu quero que as pessoas pensem, sintam e façam depois da leitura? A resposta vai influenciar todas as suas escolhas enquanto redator, do vocabulário escolhido à ordem dos argumentos.
Imagine, por exemplo, que você está elaborando um relatório de vendas, e a informação principal é a de que 60% da meta trimestral foi atingida. Seu objetivo é tratar esse resultado como tranquilizador ou alarmante? Quer apenas que seus leitores estejam bem informados ou que façam algo a respeito? Com base nesse planejamento, é hora de escrever a primeira versão do texto.
O próximo passo é fazer uma revisão criteriosa para tornar tudo o mais simples, direto e conciso possível. Em seu artigo para a HBR, Davey traz alguns princípios necessários para esse processo. Confira a seguir:
Mas atenção: a preferência por termos simples não pode levar à repetição de palavras. É importante empregar sinônimos, desde que eles sejam compreensíveis pelo maior número possível de pessoas.
“Não use uma expressão só para parecer mais esperto do que os outros, escolha alguma que aumente a conexão entre você e os seus leitores”, aconselha Davey. Além de ser mais simpático, você não correrá o risco de empregar palavras de forma incorreta.
No lugar de frases como “O pagamento ainda não foi efetuado” e “O relatório será entregue na sexta-feira”, é melhor escrever “Sua empresa ainda não efetuou o pagamento” e “Vamos entregar o relatório na sexta-feira”, por exemplo. Em ambos os casos, a voz ativa identifica claramente as responsabilidades de cada pessoa envolvida na conversa.
Homem tentando parecer inteligente (SanneBerg/Thinkstock)
São Paulo — Profissionais com boa redação têm um traço em comum: conseguem ser invisíveis em tudo aquilo que escrevem. Eles “desaparecem” atrás dos seus textos, que sempre são fáceis de entender e não trazem nenhum vestígio de esforço ou exibicionismo.
O redator que deseja brilhar, por outro lado, acaba ofuscando sua própria mensagem. No esforço de parecer inteligente, ele se perde em palavras difíceis, estruturas complexas, referências indecifráveis — tudo o que pertence ao estereótipo de um texto culto. Em vez de impressionar, confunde.
“Uma boa redação é transparente”, afirma a escritora e consultora Liane Davey em artigo para o site Harvard Business Review. Segundo ela, você só escreverá bem se investir em um bom conteúdo e limpá-lo de todas as interferências ou distrações que tornem o seu recado menos claro.
Tudo começa pela definição de um objetivo. Antes de começar a escrever, é importante se fazer esta pergunta: o que eu quero que as pessoas pensem, sintam e façam depois da leitura? A resposta vai influenciar todas as suas escolhas enquanto redator, do vocabulário escolhido à ordem dos argumentos.
Imagine, por exemplo, que você está elaborando um relatório de vendas, e a informação principal é a de que 60% da meta trimestral foi atingida. Seu objetivo é tratar esse resultado como tranquilizador ou alarmante? Quer apenas que seus leitores estejam bem informados ou que façam algo a respeito? Com base nesse planejamento, é hora de escrever a primeira versão do texto.
O próximo passo é fazer uma revisão criteriosa para tornar tudo o mais simples, direto e conciso possível. Em seu artigo para a HBR, Davey traz alguns princípios necessários para esse processo. Confira a seguir:
1. Elimine as palavras difíceis
“Profícuo” ou “proveitoso”? “Idiossincrasia” ou “peculiaridade”? Na dúvida entre um termo considerado culto e o seu sinônimo mais conhecido, escolha sempre a segunda opção. No contexto profissional, a qualidade de um texto está na simplicidade, isto é, na capacidade de expressar uma ideia de forma acessível a qualquer leitor.Mas atenção: a preferência por termos simples não pode levar à repetição de palavras. É importante empregar sinônimos, desde que eles sejam compreensíveis pelo maior número possível de pessoas.
2. Fuja dos modismos
O discurso corporativo está cheio de palavras “chiques” — que muitas vezes querem dizer algo muito diferente do que se pretende. Um caso típico é o adjetivo “assertivo”, empregado por muita gente com o sentido de “preciso”, “certo” ou “seguro”. O significado, porém, é outro: uma pessoa assertiva é aquela que defende suas ideias com firmeza e autoconfiança.“Não use uma expressão só para parecer mais esperto do que os outros, escolha alguma que aumente a conexão entre você e os seus leitores”, aconselha Davey. Além de ser mais simpático, você não correrá o risco de empregar palavras de forma incorreta.
3. Evite a voz passiva
Na tentativa de escrever um texto pomposo, muita gente usa a voz passiva, isto é, a forma verbal em que o objeto da ação vira sujeito. É o caso de dizer algo como “Queixas foram registradas pelos clientes” em vez de “Os clientes registraram queixas”. Segundo Davey, é melhor usar a voz ativa para tornar as suas frases mais simples, diretas e facilmente compreensíveis.No lugar de frases como “O pagamento ainda não foi efetuado” e “O relatório será entregue na sexta-feira”, é melhor escrever “Sua empresa ainda não efetuou o pagamento” e “Vamos entregar o relatório na sexta-feira”, por exemplo. Em ambos os casos, a voz ativa identifica claramente as responsabilidades de cada pessoa envolvida na conversa.
Fonte: Exame
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